LEGENDA VS. DUBLAGEM 48 – ESPERANÇA VS. FALTA DE OPÇÃO. Antes de ler esse comentário, recomendo que o leitor leia o anterior (Filos. 26 com Adm. 69). Se leram o anterior, a pergunta que fica é: gostaram do comentário? Agora vamos à famosa diferença entre esses dois quesitos. Releiam o diálogo de Jack e Kate agora com a tradução da legenda, depois irão entender o porquê de eu mandar ler o Filosofia 26.
KATE: Não parece você. Sempre vê o copo meio vazio (LEGENDA: "Não
faz o seu tipo. Essa coisa de otimismo").
JACK: Que copo? (LEGENDA: "Existe opção?")
O leitor pode dizer que apesar de tradução diferente, o sentido é o mesmo, inclusive que a tradução em áudio foi filosófica, bem mais plausível. Mas vou mostrar que as traduções também ganham sentidos totalmente opostos. 1) Eles estão em um ilha deserta longe de qualquer terra continental; 2) Eles estão em uma ilha deserta há mais de um mês; 3) Existem outros na Ilha que sequestram e matam; 4) Existe uma estranha escotilha escrita "quarentena" e que eles acabaram de explodir, abrindo a “caixa de Pandora”; 5) Aliás, deveria existir escotilha numa ilha deserta???; 6) Além de uma improvável escotilha em uma ilha, nela estava escrito “quarentena”, ou seja, induz a pensarmos que existe algo perigoso ali e talvez até… mortal; 7) Existe algo na Ilha que faz um urro estranho e que derruba árvores; 8) Eles acabaram de se salvar do ataque da "coisa" que puxou Locke para um buraco enorme pela qual a "criatura" entrou; 9) A "criatura" finalmente foi vista de relance por todos e com certeza eles perceberam como uma fumaça preta que se locomovia rapidamente, totalmente surreal. 10) Fora os efeitos do acidente, 4 pessoas morreram de formas diferente quando tudo já estava tranquilo dias após o acidente: Joana (afogada), Steve (assassinado provavelmente por Ethan), Boone (caindo de um penhasco estando dentro de um improvável bimotor existente ali) e Arzt (se explodindo).
Enfim, vários motivos para mostrar que ninguém achasse naquele lugar um motivo para ver ESPERANÇA e é único e exclusivamente nesse sentido de esperança que o áudio deixa, mas a legenda, mesmo que fique subentendido esperança, não é o foco da conversa, pois se trata de não haver escolhas a se fazer. De todas as opções possíveis, na verdade não existe todas, a escolha é uma só: descobrir o que tem na escotilha e ver no que vai dar. Como não há o que fazer e Jack acabara de dar o discurso de otimismo vendo que era aquilo que as pessoas queriam ouvir, ele estava mostrando a Kate exatamente que não tinha essa coisa de otimismo, mas o fato é que não havia outra opção. Estão entendendo agora porque eu mandei ler o comentário anterior? FILOSOFIA 26 não existiria se o áudio não fosse tão distinto da legenda. O Filosofia 26 se referia ao pensamento filosófico (óbvio) do copo. Ele se baseia exclusivamente no copo, portanto, só foi possível ser visto aqui essa coisa do copo porque os inteligentes tradutores do áudio têm um inglês "impecável". Mas, “tá”! Não devo negar que a tradução adaptada do áudio não seja interessante, mas que não tinha nada a ver com esperança, mas sim com falta de opção, aceitando qualquer decisão, isso sim, é verdade.
ATUAÇÃO 6 e PSICOLOGIA 68 – Para algumas pessoas, o conformismo com uma situação difícil é a melhor maneira de não sofrer. Quando Jack estava tentando evitar que Sarah, sua futura esposa, ficasse paralítica, ela disse: "Vem cá! Tudo bem! Eu sei que vou dançar na festa de meu casamento..., mas de cadeira de rodas". Ela já foi tranquilizando Jack, achando que ele não conseguiria ser bem sucedido na cirurgia, para que depois não se sentisse culpado. Percebendo isso, Jack diz: "Vou curar você!". Logo ele que não gostava de passar esperança falsa, conforme dizia, fala de algo que parece impossível para ele. Nesse caso, Jack fala que vai curar não por passar esperança, mas por passar certeza, pois a partir dali ele impõe a cura dela como objetivo definitivo. Enquanto os dois conversam, percebem que os enfermeiros ficaram parados, imóveis, perplexos olhando para os dois. Pelo olhar deles percebe-se que ficaram admirados a extremo com aquela cena. Os dois conversavam e não se deram conta de que havia mais pessoas ali. Jack resolve dar prosseguimento à operação. A interpretação dos atores foi tão intensa que receberam elogios da produção, conforme vi nos Extras do DVD. Atuações impecáveis e cenas intensas. A filmagem inclusive fez que o próprio telespectador se sentisse como o casal, pois só depois as câmeras captam os outros enfermeiros, para que assim nós também percebêssemos que havia outras pessoas por ali. Merece Oscar.
PSICOLOGIA 69 – Antes de descerem pela escotilha, Locke joga uma pedra para conhecer a profundidade do poço. Quando a pedra chega ao solo Kate diz: “É água!” enquanto ele diz: “É raso!”. Observem como duas pessoas têm conceitos distintos de algo. Geralmente nossos conceitos sobre algo são influenciados pelas perspectivas do momento ou de nossas vidas. Kate percebeu a água por medo de descer ali pelo fato de ser um local desconhecido sem saber o que tem lá embaixo, além da própria altura, que não significa que ela tenha acrofobia ou hipsofobia, pois sabemos bem que de altura ela não tem medo, é só ver como ela sobe fácil nas árvores. Estava uma escuridão total lá embaixo, o que não quer dizer também que ela tinha acluofobia (medo de horror exagerado à escuridão), ou o simples medo do escuro (escomatofobia ou ligofobia) e escuridão (mictofobia), mas que naquele lugar poderia ter qualquer coisa, pois lembrando que o nome quarentena na escotilha era outro motivo para ter medo do que poderia abrigar ali. Quanto a Locke, percebeu raso, pelo qual poderia descer sem problemas por um único motivo: ele queria por que queria desvendar o mistério daquela escotilha a qualquer custo, pois tinha certeza que obteria as respostas para todas as suas dúvidas a respeito de toda a Ilha, até porque, estava com as pernas imóveis, sobreviveu a uma queda de avião e de repente começa a andar, além de outras coisas que aconteceram durante a temporada, inclusive a luz que acendeu enquanto ele esmurrava a escotilha dias atrás. Ele não sossegaria enquanto não encontrasse as respostas que tinha certeza estarem lá dentro. As respostas de ambos diziam o que cada um era: Kate tinha medo do desconhecido, John queria desvendar o desconhecido, portanto, cada um dá a resposta conveniente à situação. Pode ser também que cada um tivesse detectado o que ouviu não por medo, mas pelo que pôde detectar, mas de uma coisa é certa, Locke já respondeu “é raso” porque era uma forma melhor de convencer Kate que não havia obstáculo e que o poço poderia ser explorado.
PSICOLOGIA 70 – John vai descer Kate na escotilha pela corda. É tudo escuro e não se sabe o que tem embaixo. Ela diz: "Espera aí... o que eu digo se quiser que pare?", John responde tranquilo com uma única palavra: "Pare!". Quando o medo do desconhecido nos assombra, ou até profundidade e altura, ficamos sem saber o que fazer. Ela podia muito bem dizer, "Quando quiser que você me pare, eu grito!", porém, pergunta algo óbvio e mesmo com a resposta simples de John, ela ainda demonstra confirmar com a resposta dele que não percebera a pergunta óbvia que ela havia feito. Ela poderia ter dito: "Ah! É claro!", mas continuou apreensiva com a resposta dele e com o que iria acontecer logo mais; ainda demonstrou tensa pela espera da resposta de John. O medo trava a mente a tal ponto que a pessoa se perde nas reações e palavras.
PSICOLOGIA 71 – MENTE AUTOMÁTICA. Jack decide ir à escotilha. Quando entra lá, chama: "Kate! Locke!", ou seja, é o primeiro nome que surge na frente, que é o que mais lhe importa, e foi por causa desse primeiro nome que ele resolveu ir, quando antes havia dito que não iria para a escotilha. Em outras palavras, são nessas simples coisas que você vê a hierarquia de importância das pessoas para alguém. Exemplo: se houver uma lista de amigos para excursão e alguém pergunta a Fulano quem vai… fulano vai dizer das pessoas que lembra e involuntariamente dará prioridade em ordem àqueles de que mais gosta. Lógico que isso não deve ser considerado como via de regra, pois a pessoa pode falar a lista involuntariamente mesmo, sem ter interferência inconsciente, bem como também falhar a memória e esquecer algumas, até mesmo daqueles que é mais próximo. Pode até falar primeiramente das pessoas que nem gosta por naquele momento a incomodar. São vários casos, mas que a probabilidade é maior para as pessoas de mais afinidade, com certeza é provável. Provavelmente pode haver sim uma hierarquia inconsciente por afinidade.
ATUAÇÃO 7 e SOCIOLOGIA 101 – Quando começa a haver conflitos entre as pessoas, o clima passa a ficar hostil. Já no início desta segunda temporada, percebemos que Jack e Locke começam a demonstrar problemas um com o outro e isto vai ser intensificado quando aparecer o próximo personagem logo mais: Henry Gale.
JACK: Eu vou pegar a dinamite que não usamos e vou voltar pra caverna. Que tal arrumar suas coisas!
JOHN LOCKE: Tá! Tá legal!
A forma como Jack falou pareceu estar brigando e obrigando John a ir arrumar as coisas dele. O pedido do médico ainda foi mais exigente, pois pedir para alguém arrumar as próprias coisas mais parece um pai brigando com um filho bagunceiro. Locke observou isso e com sua resposta de três palavras demonstrou obediência sem demonstrar ressentimentos. Como já falei várias vezes, a interpretação do elenco é perfeita, pois tudo isso se vê somente nas expressões faciais, que vão além das palavras deles. Inclusive nessa cena, as palavras que Jack disse a ele vão ser questionadas por John num episódio bem no meio da temporada. O problema de Jack é que ele levou o termo liderança a sério demais e o de John é que também tem espírito de liderança e isso já o incomodava, o fato de receber ordens de um médico e mais novo que ele. Muitas pessoas não gostam de receber ordens de quem é mais novo e no caso desses dois já se percebe o espírito de disputa de liderança.
PSICOLOGIA 72 – MENTE & (Vs.) MILAGRE. Enquanto corria no estádio, Jack encontrou Desmond e contou a história de Sarah.
DESMOND: E se ela se curar, brother?
JACK: No caso dela tem que ser um milagre!
DESMOND: E você não acredita em milagres?
Jack tentou fazer a cirurgia pela sua experiência profissional, assim também como mérito da medicina: curar um paciente…, mas não conseguiu. Ele foi dar a má notícia, porém, ela mesma se curou. Isso mostra que a mente é capaz de curar ou adoecer. Releiam (ou leiam, caso não tenham lido, é muito importante, o Psicologia 3 do Episódio 3, tendo os dois casos mostrados no Fantástico anos atrás: o hipocondríaco real e o aidético falso. Eu já passei por esse tipo de situação com a mente (rever Psicologia 6 do Episódio 9). É claro que no caso de a mente curar, não é via de regra, pois dependendo da doença devemos ficar acamado e descansando. Mas os casos do Psicologia 3 e 6 servem como exemplo para não nos deixarmos abatidos por alguma doença, pois a mente tem a capacidade de curar ou até mesmo adoecer mais ainda. Os hipocondríacos são assim, como também vemos acontecer a Sullivan, o da urticária do episódio em que também aparece Ethan pela primeira vez. Bom seria se eles fizessem o inverso e percebessem que da mesma forma como se sentem mais doentes, podem também se sentir curados.
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