NUNCA UM ROTEIRO VAI PERMANECER CONFORME VOCÊ JÁ ESCREVEU
Um comentário feito nos Extras após o fim da 1ª temporada me chamou a atenção e que me fez também me identificar com o que foi revelado.
Antes de começar a série, os produtores iniciaram uma caça ao elenco que iria integrar LOST. Foram feitos vários testes de vários atores e atrizes, alguns, até pouco conhecidos da mídia. Então, eles revelaram mudanças no roteiro que me identifiquei com o caso, mais precisamente, acho que todo escritor de livros que põe alguém de seu convívio na trama, faz o mesmo.
No caso de LOST, alguns personagens surgiram porque a produção observou a desenvoltura de alguns atores que caíam bem para a história dos sobreviventes da Oceanic 815. Tais personagens não estavam no roteiro dos escritores, mas algo nesses artistas fez com que se percebesse que se poderia acrescentar um sobrevivente segundo as características de determinado ator. Assim, nasceram alguns personagens como Yunjin Kim, que inicialmente chegou a fazer o papel de Kate Austen, mas não colou bem. Como ela fala fluentemente coreano e inglês e devido sua desenvoltura, resolveram acrescentar uma sul-coreana ao enredo. O mesmo ocorreu com Daniel Dae Kim (coincidência de mesmo sobrenome), que precisou reaprender coreano, que não falava desde a infância, quando saiu do país. Surgiu então o casal coreano. Outros como Sayid, Hugo, Sun e Jin não estavam no esboço. Dominic Monaghan fez testes para Sawyer da mesma forma que Jorge Garcia, mas os produtores gostaram de Dominic e assim nasceu Charlie, o mesmo ocorreu como Jorge, o qual deu vida a Hurley.
Esses casos à parte mostram que por mais que se escreva uma história, ela pode ser modificada quando se trabalha com pessoas, pois alguém pode ter um brilho nato exatamente para aquilo que está escrevendo e encaixar com a trama. Foi nesse ponto ao qual me identifiquei. Como também escrevo livros, costumo colocar pessoas em minhas histórias e seus personagens ficam com algumas características delas, portanto, acaba interferindo na trama, como de fato aconteceu em duas Trilogias que escrevi. Mas enfim, o que quero dizer com tudo isso é que uma história tende a se enriquecer quando você trabalha com pessoas de verdade. Personagens que não estavam no roteiro podem nascer. Enredo pode modificar dependendo da aparição de determinados “personagens”.
QUANDO O JEITO DO ATOR DÁ VIDA AO PERSONAGEM
ACIDENTES DE PERCURSO
Você se acostumaria depois de assistir as 6 temporadas de LOST e de repente refizessem a série, tendo um Sawyer mais calminho e comunicativo?
Pois é. Quase que isso aconteceu antes de LOST ir ao ar.
Enquanto filmava suas cenas, Josh Holloway encontrava dificuldade em decorar e de tanto repetir algumas cenas, se enfezou e chutou a cadeira, citando um palavreado. Surgiu daí duas curiosidades: ele conseguiu passar a decorar depois que se extravasou. As coisas passaram a fluir melhor. Também os diretores, ao ver a cena, disseram que era isso que queriam no personagem Sawyer: um cara durão. Para vocês verem como determinados personagens e características ganham vida devido a certos “acidentes de percurso”. E assim, reescreveram o personagem Sawyer.
OUVIR A CRÍTICA PRIMEIRO.
Toda série os diretores jogam primeiro a um determinado público para ver a opinião. Por conta disso, pode ser que algo seja alterado, o que pouco acontece. Mas em LOST o caso foi diferente e realmente alteraram. Quando certo público viu o episódio Piloto, se sentiram “perdidos” com a morte de Jack. Os roteiristas começaram a pensar sobre isso e decidiram manter o médico vivo, pois temeram que a série fosse abandonada por causa disso. Decisão acertada. Por isso que é importante exibir o começo para um número de pessoas antes de lançar definitivamente na TV.
E conforme citei antes a respeito de minha Trilogia, também fiz o mesmo e acredito que todo escritor passa sua história para algumas pessoas lerem. Isso é importante para ver qual o impacto que o leitor terá com a trama e qual cena poderá ficar complicada de se entender.
Em resumo, tanto escritores, quanto roteiristas, que obviamente são escritores, devem sempre fazer isso: jogar a um seleto público para ver como será a receptividade à trama.
No caso de uma trama já elaborada, pode sim modificar algo, mas quando se tem uma história já pronta, a probabilidade de nada mudar, mesmo que as pessoas queiram a mudança, é menos provável. Mas o que importa é que, de qualquer jeito, a melhor estratégia é realmente ver a reação do público.
O PROBLEMA DA BUROCRACIA
Como já dito antes, quase que Evangeline Lilly não entrava em LOST só por causa de seu visto canadense. Interessante é que em se tratando de artistas, quando eles são muito famosos, as coisas facilitam. Lilly era pouco conhecida e novata e por causa disso não estavam conseguindo liberá-la para ir para os Estados Unidos. Mas os diretores queriam muito que Evangeline fizesse parte do elenco por perceberem o como ela se encaixava para o papel de Kate Austen. Outras atrizes desconhecidas encenaram, mas não agradavam. Até que praticamente no “último minuto” ela conseguiu o passe.
Pois é. Vejam como a burocracia mostra que existem preferências e a complicação que é nesses países para conseguir esse tipo de coisa em viagens e estadas em algum lugar.
CRIATIVIDADE E APROVEITAMENTO
Por incrível que pareça, alguns efeitos das trilhas sonoras da série foram feitos com peças do avião. Pra falar a verdade, eu nem percebi tais sons que se associassem às peças do avião, mas isso mostra como tudo usado na série foi bem aproveitado. Michael Giacchino é realmente um gênio.
CENAS EXCLUÍDAS
1) Um flashback entre Claire e o piloto Seth Norris antes do embarque na Oceanic 815 foi excluído, mas eu não gostei por terem feito isso. Seria interessante vemos um flashback com ele participando. Um momento da conversa entre os dois chamou-me a atenção. Claire falava sobre o vidente Richard Malkin e o piloto respondeu: “Médiuns são os mágicos que não são bons o suficiente pra atuar em Vegas”. Gostei.
2) Depois que Shannon chamou os guardas a respeito da mala de Sayid no aeroporto, uma cena foi deletada. O momento em que ele está numa sala que vende conveniências e chegam os guardas e pedem para acompanhá-los.
3) Ainda no começo do episódio Piloto, Charlie vai até Sawyer com uma conversa qualquer para pedir o cigarro. Ainda bem que excluíram isso, já que a série tinha o cuidado de não afetar a família como telespectador.
4) Hurley vai oferecer comida a John Locke, que nada fala, nem sequer se mexe.
5) Sayid fala a Kate que sabe sobre a morte do piloto pelo “monstro”.
As duas cenas a seguir merecem figurar entre as categorias deste Blog.
PSICOLOGIA 36:
6) Charlie tenta falar de sua banda a Shannon e esta responde: “Você tem a única música deles enfiada na cabeça?”. Achei isso muito interessante porque muitas das vezes chegamos até a acordar com uma música na mente que se fixa e pode chegar a ficar todo um dia na mente. Isso mostra inclusive um comentário que fiz no Psicologia 23 do episódio 19, convido para que releiam (ou leiam), que é quando alguém sonha com algo que viu por um rápido segundo ou até menos do que isso. Os olhos não chegaram exatamente a captar a imagem, mas o cérebro sim, que muitas das vezes soltará a informação capturada em descargas que ocorrerão mais precisamente durante o sono. Seria o mesmo caso aqui. Você nem se lembrava da música, mas estava armazenada em seu cérebro e foi descarregada no momento em que você acordou, por isso que músicas vêm e se vão de repente em nossa mente. Obs.: essa explicação é minha. Não peguei em livro nenhum. Se quiserem considerar a possibilidade, à vontade, mas que faz sentido, pelo menos pra mim faz. Tal cena mostra também como algo crava na mente quando se é muito repetida. Que o digam os jingles políticos em épocas de campanha. Você detesta a música, mas acaba cantando. Mostra também como as propagandas surtem efeito ao público. E para finalizar, temos aqui o maior exemplo que muito acontece hoje em dia: músicas que pegam. Aquelas sem letra nenhuma e que só falam besteira (que o digam as pornográficas). Quanto pior, infelizmente são as que mais pegam.
7) Shannon e Boone vêm falando sobre Sun e Jin pela praia. Essa cena foi exatamente antes daquele momento em que Sun está passando babosa no braço de Jin, enquanto ele está algemado em uma fuselagem do avião, no episódio em que dá uma surra em Michael na praia.
PSICOLOGIA 37:
8) John Locke vem conversando com Walt a respeito de um dos esportes que mais gosto: pôquer. Sempre disse que o pôquer é um dos jogos mais psicológicos que existe e costumo chamar de “xadrez de cartas”. Locke faz uma explicação brilhante a respeito do blefe no pôquer. Como saber quando se está blefando. Vamos aos casos pelas palavras de Locke. O que tiver entre parênteses é minha parte:
“Se quer ser um bom jogador de pôquer, precisa reconhecer um mentiroso. E a única forma de reconhecer um mentiroso é procurando pista.
1) A pista mais fácil é aquela que ele faz com o corpo. Ficam tensos, fecham o punho, encolhem os dedos dos pés (Nesse momento ele está olhando para Charlie, como se estivesse se referindo a ele. Linguagem corporal fala muito. Conheço vários sinais, como quando você está conversando com alguém. Se o ouvinte está com os joelhos direcionados a você, está interessado na conversa; se a direção é para o outro lado, está louco pra se mandar dali. Olhar para baixo pode indicar mentira, nervosismo, medo. Abrir os braços enquanto conversa demonstra estar muito à vontade e se sentindo dono do pedaço. Enfim, são vários casos, que não dariam para mostrar todos aqui. Só lembrando que são probabilidades quase certas, pois nem tudo deve ser levado como via de regra).
2) Outro erro de amador. Algumas pessoas ficam na defensiva quando estão mentindo, até mesmo hostis (Agora John olha para Shannon, se referindo a ela. Não é via de regra, mas quem fica muito na defensiva é porque está encurralado e tenta escapar da situação).
3) Jogadores mais experientes usam distrações para manter sua atenção longe das cartas dele (Neste momento ele olha (só podia) para o brilhante Sayid. Essa é a forma de quem procura todas as formas possíveis para desviar a atenção e fugir de alguma descoberta).
4) Outros evitam qualquer tipo de contato; se isolam por medo de serem incapazes de esconder a verdade (Agora John fala isso olhando para, obviamente, Sawyer. É claro que o fato de alguém se isolar não é bem o caso aqui, pois quem se isola pode fazer isso por vários motivos.
5) E tem algumas pessoas que você não consegue descobrir nada (Aí sim, olhou para a pessoa certa: Kate. Esse sim é um bom jogador, mais precisamente, o “ator perfeito”).
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