ADMINISTRAÇÃO 106 e SOCIOLOGIA 175:
BERNARD: Para quê pedir aprovação do Jack? Ele não é o presidente, ele é só um médico!
ROSE: E você é dentista! O problema é você falar para essas pessoas sobre aviões e satélites que vai aparecer do nada para salvar a gente!
BERNARD: Eu só quero fazer alguma coisa! Eu quero voltar para nossa vida!
ROSE: Mas você vai dar para essas pessoas esperanças falsas!
BERNARD: Me dá licença! Eu tenho que fazer o sinal!
Pela primeira vez alguém viu algo que ninguém enxergava: o fato de todos buscarem opinião de Jack, quando na verdade qualquer um poderia atuar sem necessariamente precisar da intervenção dele. O problema no ponto de vista de Bernard é que ultrapassou o limite da tolerância, trazendo consigo certo preconceito entre profissões. O fato de ser médico não quer dizer que não possa liderar um grupo, pelo contrário, tem mais autoridade para isso do que quem não tem cargo profissional. Como ele criticou o médico, acabou se rebaixando mais que isso, pois médico cuida da saúde no geral, enquanto que dentista só cuida dos dentes.
Outra observação nessa conversa: é errado passar falsas esperanças? Relembrando um comentário que fiz quando Jack disse a Sarah que ela iria ficar paralítica (1º episódio da 2ª temporada). Christian reclamou com o filho pelo fato de a paciente querer ouvir esperança e não que tem 99% de chance de ficar numa cadeira de rodas. Christian fala que 1% de chance ainda é chance enquanto que Jack acha que isso é passar esperança falsa. No episódio piloto alguns saíram para pesquisar o sinal de socorro de uma francesa e quando acharam, descobrem que o sinal fora emitido há 16 anos, portanto, ela nunca fora resgatada. Eles decidem não dizer a verdade para que as pessoas não percam a esperança, e como dissera John Locke certa vez, perder isso pode ser perigoso. O desespero tomaria conta de todos ao saberem da notícia. Às vezes também a esperança pode fazer com que as pessoas comecem a fazer algo para conseguir o que deseja, em vez de ficarem se lamentando por não haver mais chances. Veja também que a maioria do que esses sobreviventes falam tem a ver com algo que carregou durante toda sua vida. Bernard fala de esperança aqui porque o exemplo de Rose fora da Ilha é uma amostra do que foi sua vida nos últimos meses. Leia o comentário abaixo que tem a ver com isso.
MISTÉRIO 62:
BERNARD: Eu sempre quis achar alguém como você, mas eu não tinha esperanças de encontrar. A gente se conheceu há cinco meses.
Mais um dos mistérios da Ilha a respeito da escolha das pessoas para a Oceanic 815. A sequência de eventos até esse casal ir parar na Ilha: ambos se conheceram estando na meia idade. Em pouco tempo de conhecimento se casaram. Ao saber do câncer terminal de Rose, Bernard a leva para a Austrália para ser curada. Não consegue a cura e embarcam na Oceanic pela qual vão parar na Ilha, o exato lugar que cura Rose. Um casal de meia idade que se conhecem e se casam. Fato raro, mas aconteceu. Será que a Ilha manipula mesmo os eventos?
ADMINISTRAÇÃO 107 e SOCIOLOGIA 176:
BERNARD: Todo mundo nesta ilha constrói alguma coisa! Eu quero salvar todos nós!
EKO: As pessoas são salvas de várias maneiras, Bernard.
Bernard vai chamar Eko no S.O.S. escrito por meio de pedras na praia. Ele também fala algo que já comentei em outros momentos: o fato de alguém mostrar que pode fazer algo, não somente aqueles que estão na liderança. Ter atitude para agir sem esperar que os outros façam. Ao mesmo tempo, Bernard também critica os outros, pois no momento em que estão criando coisas, dando origem à civilização, estão se esquecendo de elaborar ideias para sair da ilha. Quando ele diz que deseja salvar todos ali, Eko dá uma excelente resposta. Vamos analisar:
O que é mais seguro? Viver em uma selva sem recursos e à mercê de feras selvagens ou numa cidade grande, à mercê de acidentes, assaltos e outras coisas? Fiz um comentário igual a esse na 1ª Temporada quando Michael queria tirar seu filho da ilha por achar que ele não deveria crescer em um lugar que prejudicará sua formação pessoal futura. Qual a probabilidade de uma criança ou adolescente ter seu caráter corrompido? Seria em uma ilha ou em uma sociedade urbana, moderna? Bem, como já foi comentado antes, isso não vem ao caso agora, mas sim pelo fato do que Bernard disse: salvação. Será que na ilha eles estariam mais protegidos do que na cidade? Será que (pelo menos para algumas pessoas) a calmaria da ilha não seria melhor do que a estressante vida urbana? Alguns personagens ali teriam todo o motivo para preferir viver naquela ilha, pois estariam mais salvos do que nas cidades, como Kate, por exemplo, pois voltando ela à cidade, seria presa pelos crimes que cometeu.
PSICOLOGIA 121:
JOHN LOCKE: Preciso falar com ele
Minutos depois.
JOHN LOCKE: Você digitou os números? Eu tenho que saber! Quero que me diga agora!
Quando John questionou isso ao falso Henry, o prisioneiro sorriu do outro lado de sua "prisão". Os jogos mentais dele surtiram efeito. A questão é: até que ponto vai a sua fé em algo? Imagine se você tem o costume de fazer algo achando que aquilo lhe ajuda e chega alguém dizendo que tudo aquilo não surte efeito. É uma mentira. No caso de John, temos a história do computador cujo código precisa ser digitado a cada 108 minutos ou o mundo se acaba e cujo personagem aparece do nada (o falso Henry), morador da ilha, dizendo que aquilo é absurdo e que ele nada digitou, ou seja, uma história absurda que qualquer pessoa teria a curiosidade de realmente não digitar o código só para ver o que aconteceria e comprovar a suposta mentira. No caso, surge aqui o dilema da curiosidade humana e suas dúvidas sobre suas convicções. Entretanto, da mesma forma como nossa curiosidade faz com que procuremos não fazer determinada ação para saber se aquilo seria verdade, também nos deixa encucado com a probabilidade de imaginar que, por mais absurda que seja, a história possa ser verdade. Por que será que nossa mente tende a nos deixar imaginando que certas histórias possam ser verdadeiras? Histórias como ver fantasmas, acreditar em extraterrestres, lobisomens. Por mais que creiamos na improbabilidade de existência de tais coisas, nossa mente ainda quer dar crédito a esses tipos de coisas. No caso de Locke, sabemos que ele pressentia coisas da Ilha, mesmo assim, são fatos bem absurdos para ele próprio ou qualquer um dar voto de confiança. Pior é que não foi somente ele, mas todos os outros sobreviventes.
ADMINISTRAÇÃO 108:
BERNARD: Todo mundo tem uma função, Hurley. Eu faço a minha, você faz a sua.
Mais uma vez Hugo insiste na mesma tecla e mais uma vez a história se repete: Hugo se queixa de uma função (como aconteceu no 3º episódio dessa temporada), mas cada um faz sua parte e ninguém pode falar da função do outro, especialmente comparando, pois temos a tendência de achar a função do outro melhor. Às vezes tal mudança era algo que desejávamos, e agora que ocorre, reclamamos. Curioso também é ver como Bernard quis tomar as rédeas da situação, já achando que podia mandar em algo. Às vezes está embutido em nossa mente o momento de sair da "plateia" e tomar o "palco" e quando está embutido por muito tempo, querendo ganhar vida, pode ser desastroso, pois a pessoa quer fazer algo, mas nada planeja e não estuda possíveis imprevistos. A ideia de Bernard não era ruim, porém, precisava liderar e isso ele não estava preparado. Nem todo mundo tem capacidade para liderar.
MISTÉRIO 63:
ROSE: Um quilômetro? Por isso você me trouxe à Austrália? Isaque de Ulurum? Bernard, eu já me conformei com o que está acontecendo comigo!
Será que esse Isaque não teria algo a ver com a Ilha? Lembremos que ela escolhe as pessoas por algum motivo e Rose tinha câncer que desapareceu quando caiu na Ilha. Será que a maioria dos moradores da Ilha não seriam pessoas com câncer?
Obs.: pensamento antigo. Agora que a série acabou, a probabilidade de existir pessoas com câncer ali existe, mas a maioria com certeza não. As propriedades magnéticas da ilha causam vários efeitos e tudo ali é possível. Sobre esse assunto deixarei para comentar a partir da 5ª Temporada.
PSICOLOGIA 122:
BERNARD: Mas eu não. Não posso deixar de tentar… pode tentar, Rose? Por mim!
Conforme o comentário do Psicologia anterior,
incluindo o primeiro Psicologia do início do Blog, quando "queremos"
adoecer ou nos curar, a mente tem a capacidade de fazer ambas as coisas. Mas
isso não quer dizer que a cura esteja na mente, pois as doenças não são curadas
assim, mas que tem poder para isso, também pode acontecer. Para Rose, isso não
iria acontecer já que ela não esperava boas notícias e tinha se conformado com
a doença, porém, seu marido tinha fé e a única forma que ela encontrou de
mantê-lo tranquilo seria a de dar crédito a isso, mesmo sabendo que nada
aconteceria. Observa-se também que nossa mente não trabalha direito quando uma
preocupação nos invade e não nos deixa raciocinar direito. Foi exatamente por causa
disso que Rose resolveu mentir ao dizer que Isaque a tinha curado, pois por
causa de buscar uma cura impossível, Bernard estava se esquecendo de
"viver sua vida" com sua esposa.
SOCIOLOGIA 177:
BERNARD: Se você tem tempo de arrumar sua tenda, tem tempo de ajudar.
Vejam o problema de liderança de Bernard. Isso não é forma de alguém tentar convencer outra pessoa para ajudar em algo. Ele utilizou de forma crítica para chamar mais alguém para ajudar na formação do SOS escrito por pedras. Curioso é que ele foi inteligente para chamar Charlie, perguntando o que ele estava fazendo, quando este conversava com Rose (SOCIOLOGIA 170), mas aqui ele resolveu ir direto à crítica. Pessoas assim têm a tendência de afastar as outras pela sua forma grosseira de agir. Há outro detalhe a se observar, pois o fato de estarem presos em uma ilha, com certeza há de se ter tempo para alguma coisa, mas não por causa disso alguém deve se sentir obrigado a ajudar. A forma crítica em dizer "tempo de arrumar sua tenda" não soa legal, pois arrumar uma casa é normal, já uma tenda em plena praia, exposto à areia, vento e sol constantemente, portanto, não há como arrumar algo que sempre ficará empoeirado, ainda assim, estaremos cuidando de nosso território, não há necessidade de dar satisfação aos outros se devemos ou não cuidar do que é dos outros, só porque cuidamos do que é nosso. Por fim, em tudo o que venhamos a falar temos de tomar cuidado em medir tais palavras a se dizer, caso contrário, serão ditas em momentos inoportunos, não trazendo um resultado favorável para quem as utilizou.
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