ADMINISTRAÇÃO 104:
BERNARD: Isso não te incomoda mesmo? Você não está curiosa para saber de onde veio tudo isso? Isso é um absurdo, Rose! Eles fizeram uma cozinha na praia! Eles desistiram de um resgate!
O pessoal da série gosta de trabalhar nesse tema. Para quem viu os comentários do episódio anterior verá que "Henry" falou muito as mesmas coisas que Bernard falou. O marido de Rose foi a única pessoa que se interessou em saber de onde vinha tudo aquilo. Mais uma vez vemos alusão ao livro Quem Mexeu no Meu Queijo que eu citei no episódio 5 e 13 da 1ª temporada e falei que retornaria ao livro nesta 2ª temporada, no episódios 16 e neste 19, pois Bernard não queria saber se estava tudo vindo de graça, seu interesse maior era saber a origem de tudo aquilo. Apreciar sem saber de onde era proveniente aquela comida não seria um risco? Percebe-se aí outro fator: o ponto de vista de cada um. Para Bernard, o fato de começarem a se estabelecer na Ilha parecia sinal de desistência dos sobreviventes para um resgate. Mas se você passa semanas em uma ilha deserta e sem resgate, não iria somente esperar e nada mais fazer, iria? Não estaria ele também errado?
Quando Bernard estava no outro lado da ilha, longe da praia, não pensava assim. Agora que se encontrava ali seria como se somente naquele momento é que percebera que era náufrago. Portanto, se você passa semanas sem ver o resgate, é preciso também se estabelecer nas localidades para sua proteção e sobrevivência, caso contrário, estará correndo perigo. Mesmo achando que as pessoas haviam desistido de um resgate, ele mostrou sua atitude de descobrir as coisas, de querer saber como tudo funciona e porque tudo chega até eles de uma forma tão improvável. Se imagine em uma ilha deserta e alguém joga comida pelo céu. “Administradamente” falando, quem procura descobrir coisas, estudar, pesquisar os acontecimentos ao seu redor, tem grandes chances de ter sucesso em sua vida.
MISTÉRIO 61 e PSICOLOGIA 118 – Locke vai digitar o código e por um segundo olha para o computador com hesitação. Depois que o falso Henry falou que não digitou o código, dizendo que nada havia acontecido, a dúvida ficou impregnada na mente de John. A semente que "Henry" plantou na mente de Locke começara a germinar. Interessante observar como fatos e palavras de pessoas ditas em certos momentos têm a capacidade de nos fazer perder a fé e credibilidade em algo. John não sabia se o código havia sido digitado, mas naquele momento, pela primeira vez ele pensou na probabilidade de não digitar, quando no início foi ele quem começou a digitar e obrigando os outros a fazerem o mesmo. Qual seria a intenção do "Henry"? É aí onde está o mistério. O código não sendo digitado causaria um efeito catastrófico na Ilha e ele não saberia disso? Com certeza ele digitou. Mas qual seria sua intenção em brincar com o psicológico de Locke? Seria abalar sua fé na Ilha e pelo fato de temer um possível futuro adversário para sua liderança, como veremos a partir da 3ª Temporada, chegando ao ápice na 5ª Temporada?
PSICOLOGIA 119 e SOCIOLOGIA 173:
VOCÊ É OBRIGADO A AJUDAR ALGUÉM???
BERNARD: Hurley, o que você está fazendo agora?
HUGO REYES: Estou conversando com sua mulher!
Quando convivemos com pessoas por mais tempo e pelo fato de se encontrar em um local limitado, temos a tendência de fazer perguntas insignificantes. Um exemplo a ser citado aconteceu com Bernard enquanto procurava pedras para fazer o S.O.S. na praia. Ele foi até Hugo que conversava com rose e faz uma pergunta desnecessária em vez de chamar logo o companheiro, cuja pergunta foi: "O que você está fazendo?". Ora bolas! Ele viu que "Hurley" conversava com Rose, portanto, não fazia nada. Vale ressaltar que eles estão em uma ilha deserta, o que provavelmente pouca coisa se faz. O bom é a resposta de Hugo: "Conversando com sua esposa!". Isso era óbvio, não haveria necessidade de responder a isso, a não ser que ele tenha dito isto para mostrar o óbvio a Bernard. Poderia também ser uma forma de Bernard convencer Hugo a lhe ajudar, pois viu que Reyes não estava fazendo nada, então, o gordão acabaria aceitando o pedido do marido de Rose a "contragosto". Vejam também como uma pessoa pode conseguir convencer alguém a fazer algo que normalmente a pessoa diria não. Se Bernard tivesse pedido primeiramente a Hugo para lhe ajudar em vez de fazer essa pergunta óbvia, poderia ser que "Hurley" não aceitasse ajudar, portanto ele fez uma pergunta para deixar Reyes desconcertado e assim, ajudar.
Muitas pessoas têm esse intuito de fazer uma pergunta desse tipo antes de formular o pedido, para que assim, o outro não saiba que outro tipo de resposta dar, ficando com uma única e óbvia resposta, sendo então "fisgado" pela falta de opção a falar e tendo que aceitar o pedido, já que não está fazendo nada. Por outro lado, o fato de não estar fazendo nada não implica dizer que a pessoa deva aceitar o pedido de ajuda. Por que será que o ser humano tem essa tendência que deva satisfação a alguém? O fato de você não ajudar não quer dizer que seja desumano. Não estou dizendo isso para que as pessoas não queiram ajudar outras, pois devemos ajudar o próximo, todavia, nem tudo convém, principalmente quando alguém vem com essa pergunta tendenciosa ao "sim", dá vontade de responder não. Ninguém é obrigado a nada.
CURIOSIDADE 329, SOCIOLOGIA 174 e LEGENDA VS. DUBLAGEM 92:
ANA LUCIA: Quer que eu vá com você?
JACK SHEPHARD: Melhor ficar aqui! (Legenda: Tem que ficar aqui!)
ANA LUCIA: Faça um favor para você: não vá para lá sozinho!
Não tem importância a diferença entre LvsD. para a trama, mas que há uma grande diferença, isso há. O áudio dá um conselho, mas na legenda vemos que foi uma ORDEM!
Ana-Lucia não ia ficar na Escotilha, mas a pedido de Jack, resolveu ficar. Aqui se deu início os eventos para o fim da jovem. Se Jack tivesse observado e se lembrado disso, poderia se culpar pela morte de Ana, já que foi por causa dele que ela ficou na Escotilha. É interessante tocar nesse assunto porque muitas pessoas se culpam pela morte de alguém ou por algum fato triste que, no ponto de vista da pessoa, tudo só aconteceu porque ela fez algo que resultou naquilo. A gente se culpa sem raciocinar direito e sem perceber que fatos acontecem e que não saberemos o que aconteceria se não fosse nossa intervenção. Para entender essa óbvia premissa, vamos tomar como exemplo o que acontecerá com Ana em breve, quando o falso Henry, para fugir da Escotilha, terá como ajuda a proteção de Michael, que dará um tiro à queima-roupa em Ana e Libby. Poderia ser que se a ex-policial não tivesse ali não morreria, mas e se na fuga do prisioneiro mais pessoas morressem? Poderíamos supor que na fuga dele ninguém apareceria no caminho, mas pensem bem, não havia ninguém no caminho de "Henry", todavia, digamos que Ana chegue à praia e fale com alguém ou com mais pessoas e que por causa dessa conversa alguns vão para a Escotilha no momento em que o prisioneiro foge. Sabemos que o falso Henry Gale não tinha intenção de matar, mas em sua fuga tudo poderia ocorrer, até porque, o próprio fugitivo poderia matar e isso seria catastrófico para os eventos futuros da Ilha. Sabemos que o responsável pelas mortes logo mais será Michael, mas não dá para saber como seriam esses eventos se tudo acontecesse de outra forma. Fatos deverão acontecer, não importa qual seja a consequência. Ninguém tem culpa dos fatos, pois como dirá o bordão na 5ª Temporada: o que está feito, está feito.
Por fim, o último assunto abordado aqui é quando uma pessoa passa por maus bocados em um lugar e por experiência própria, tem sua vida marcada para sempre devido o trauma. Jack resolve ir fazer a troca do prisioneiro por Michael. Ana recomenda para ele não ir sozinho. Uma policial valente como ela passou a ter um trauma de entrar na selva. Ela nem sabia se o médico teria sucesso, mas achava que aconteceria a mesma coisa que aconteceu consigo quando esteve do outro lado da Ilha.
PSICOLOGIA 120 – Jack convida Kate para ir à busca de Michael. Ele não seguiu exatamente os conselhos dela e inclusive nem sequer chamou James para ir com os dois. Vejam que o médico chamou a sardenta para compensar da última vez quando ele foi para uma jornada na selva e a mandou voltar. Seria como se fosse um pedido de desculpas e reconciliação ao mesmo tempo. A pergunta é: o que leva o ser humano a se sentir na obrigação de, algum tempo depois de uma discussão com alguém, fazer a mesma coisa que havia feito antes, só que de uma forma que compense a discussão anterior? Se você reclamou ou discutiu com uma pessoa tempos atrás, não quer dizer que se sinta na obrigação de retribuir uma espécie de reconciliação com o mesmo evento anterior. Pedido de desculpas, reconciliação, isso é compreensível e recomendável, mas não existe obrigação para repetir a situação com aspecto de afirmação agora, quando antes era de negação. Parece complicado esse comentário. Fica mais compreensível assistindo o episódio.
ADMINISTRAÇÃO 105:
BERNARD: Faz dois meses que caímos nessa ilha. Nós já fizemos uma calha para a água. Já temos uma dispensa para a comida. As pessoas tomam banho naquela escotilha. Vocês esqueceram que nós caímos nesta ilha? Parece que vocês não querem voltar para casa. Aquela comida caiu de paraquedas, quer dizer que passa avião por aqui, então vamos fazer um sinal… ou se um satélite tirar fotos daqui, Rose.
ROSE: Eu acho melhor falar com o Jack.
As quatro primeiras frases são pura administração. Bernard lembra bem o que as pessoas começaram a fazer ali enquanto o resgate não chegava. Mas isso implica dizer relaxamento ou esquecimento dos fatos? No ponto de vista dele, as pessoas aparentavam não querer voltar para casa pelo fato de estarem se estabelecendo de vez na Ilha. O que é errado? Ficar sempre esperando um resgate ou resolver fazer uma vida ali enquanto o resgate não chega? É claro que as pessoas não se esqueceram do acidente e desejam voltar para a vida urbana, pois ninguém quer ficar em uma selva a mercê de eventualidades, mas para Bernard a situação só era inversa porque ele queria muito sair dali. Ele passou a descontar nas pessoas a sua frustração de não sair dali. Mais uma vez ele cita o avião que jogou a comida, pois se jogou alimento é porque sabem que há sobreviventes na Ilha.
Por fim, Rose sugestiona Jack para resolver a situação. Mais uma vez outra pessoa coloca Jack como líder (pra variar), mas desta vez, uma das pessoas decide fazer algo, mostrando que tem atitude para liderar também, e principalmente, que tem criatividade para elaborar ideias na intenção de escapar da ilha. Na 3ª temporada também veremos Claire tendo uma excelente ideia para mandar um aviso ao mundo de que eles estão vivos.
Como se vê, são ideias e atitudes que fazem com que qualquer pessoa consiga ter desenvoltura para agir na vida.
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