quarta-feira, 9 de setembro de 2020

T2/E14 - ONE OF THEM (Um Deles) - Parte 1 de 2.

 ADMINISTRAÇÃO 84 – Quando Danielle aparece próximo à praia, Ana-Lucia vai à procura de Jack para informar. Observem que Ana passou mais tempo com James, Michael e Jin, mas a pessoa que ela procura é Jack, ou seja, como comentei no início da 1ª Temporada, tem pessoas que parecem ter uma marca registrada para alguma coisa, como no caso do doutor: liderança. Mais interessante ainda é o resultado. Não foi Jack quem tomou a iniciativa de tentar resolver essa situação, mas sim, Sayid, pois já conhecia a francesa e saberia como falar com ela e resolver o caso. Isso mostra que outras pessoas podem tomar uma iniciativa, não somente aquela que foi cotada para tal cargo.

ADMINISTRAÇÃO 85 – Hugo tem uma dispensa secreta de comida da Escotilha escondida na copa de uma árvore. Ele era o responsável em administrar. Isso se torna um caso sério, quando alguém está à frente de um cargo e pode fazer sua "reserva secreta" do produto que está supervisionando. Essa é uma forma amena de não dizer "desvio de verba", podendo também exemplificar aqui desvio de merenda escolar, desvio de lucro de uma empresa ou qualquer que seja o caso, como diria um dos títulos de episódio.

ADMINISTRAÇÃO 86 – Já sabemos que James passou a viver de fato em uma ilha, tirando proveito dos recursos disponíveis e fazendo suas trocas de mercadorias com os outros, já que dinheiro não tinha valor ali. James estava procurando uma perereca que estava lhe tirando o sossego e na busca, flagrou Hugo e sua “dispensa secreta”. Observem que quando o dinheiro não tem valia, qualquer coisa pode parecer mais valiosa. James diz: "Me ajuda a achar esse bicho e pode se afogar no seu molho". Sem precisar de dinheiro, Hugo conseguiu jogar com as "cartas" de James, ou seja, se ele quisesse ajuda para pegar a perereca, teria que fazer uma troca de interesses com Hugo.

MISTÉRIO 52 – Henry Gale foi capturado ou se deixou capturar? Sabemos quem ele é verdadeiramente, mas vou seguir os comentários conforme os episódios, ou seja, por enquanto o chamarei de Henry. Em um episódio pouco mais à frente ele questionará que não haveria lógica passar por toda a tortura que iria passar só para ser capturado. Ele só foi pego porque caiu em uma das armadilhas de Rousseau. Se ele conhecesse muito bem a Ilha e é de lá, como foi cair em uma armadilha? Porém, Danielle estava ali há 16 anos, conhecendo uma parte da Ilha e sabendo como sobreviver, se tornando perita em fazer armadilhas. Entretanto, Gale já estava ali há muito mais tempo que ela, sendo então mais experiente do que ela. Sobra com isso uma única opção: ele realmente se deixou capturar. Sendo assim, demonstra ter uma incrível capacidade de arquitetar planos. Se ele planejou e deu errado, ou até mesmo possa ter dado certo, mostra de qualquer forma que ele conseguiu o que queria.

PSICOLOGIA 90 – Estudemos agora a capacidade de manipulação de Henry. Enquanto Danielle o mantém preso, ele diz: "Está cometendo um erro fatal!". É óbvio que se alguém está mentindo, a primeira coisa que vai dizer é algo parecido com isso, mas no decorrer dos episódios veremos como ele tentará convencer (e muito bem) as pessoas de que ele é Henry, porém, como está mentindo, essa frase pode soar como ameaça, em outras palavras, como eu já falei antes, vemos mais uma mente brilhante mentindo e ao mesmo tempo falando a verdade. Rousseau diz: "Se eu quisesse matá-lo, eu teria matado! É melhor levar para o médico. Ele não serve morto. Ele vai mentir por muito tempo". Até a francesa cita Jack como líder, dispensando Sayid. Ela demonstra não se deixar levar pelo emocional, mas sim pela razão. Esteve na Ilha muito tempo para saber o que fazer e já deixa seu recado bem evidente: não acreditar nas palavras do prisioneiro.

FILOSOFIA 33 – VOCÊ ENTREGARIA ALGUÉM QUERIDO SE ESSE ESTIVESSE ERRADO? LEALDADE CEGA. FALTA DE CONFIANÇA OU TRAIÇÃO? Kelvin diz a Sayid nos flashbacks: "A lealdade é uma virtude, mas a lealdade cega...". Sabemos que Kelvin se referia ao fato de Sayid não trair alguém de seu grupo, de seu país, por lealdade ao mesmo, mesmo sabendo que alguns do seu grupo planejavam matar inocentes. E você? Entregaria alguém que tenha cometido algum crime, alguém que conheça, ou por ser do seu país, setor ou região, amigo, parente? Pode até ser fácil dizer que sim para mostrar que é correto, mas não é uma questão fácil de responder e mesmo que consiga responder, nunca sabemos se nossa reação na hora será a mesma que dizemos que iremos fazer. Mas, e quando o caso não se tratar de um crime? O que pode ser considerado lealdade cega ou não? O fato de não ter lealdade cega, mesmo sem ter cometido crime, pode ser considerado falta de confiança ou traição?

SOCIOLOGIA 147 – PERGUNTA IDIOTA, TOLERÂNCIA ZERO – Quando estamos acompanhados ou encontramos alguém conhecido pelo caminho, temos a mania de falar o óbvio. Seria pela falta de o que falar? Exemplo: você está indo ao trabalho e alguém pergunta: "Está indo ao trabalho?". Dããããã! O que você acha? Danielle acertou Henry com uma flecha. Sayid chega com Danielle, carregando Henry no ombro. Jack faz a pergunta mais tola que poderia para Sayid: "Acertou uma flecha nele?". Se não existia nenhuma flecha no acampamento, mais precisamente no avião e se ninguém tinha fabricado nada na ilha, e ainda por cima o árabe vinha acompanhado pela francesa, quem poderia ter usado a flecha? Alguém que estava no avião (Sayid) ou quem já morava na ilha? Jack deveria ter imaginado que a flecha pertencia a ela, não é mesmo? A resposta de Sayid é bem objetiva: "Por acaso eu tenho um arco?". Toma, Jack!

            Vou aproveitar a ocasião e fazer como da outra vez, quando aproveitei a deixa para mostrar nossa tendência de fazer perguntas tolas. Imaginem se fôssemos corajosos para dar respostas ignorantes:

— Está indo ao trabalho?

— Não, não. Acordei cedo pra caminhar de camisa de botão, calça, sapato e maleta.

— Está com gripe?

— Não, não. Mudei a voz para parecer com Darth Vader. A coriza é para lembrar que está faltando água, por isso meu nariz está escorrendo. O espirro na verdade é pra ver se chama chuva e o nariz vermelho é porque dei um murro em mim mesmo.

— Vai se mudar?

— Não, não. Demiti os móveis de minha casa.

— Está assistindo?

— Não, não. Estou testando minha telepatia para desligar a TV com a mente.

SOCIOLOGIA 148 – O que faz a beleza do ser humano não é a exterior, mas a interior. James xinga Hugo de gordo e este revida: "Eu sou gordo, mas as pessoas gostam de mim". Toma lá dá cá. Após isso, vemos um momento raro: James pedindo desculpas. Tudo bem que ele fez isso por interesse próprio, mas pediu. Apesar do que ele aprontou no episódio anterior, é a partir daqui que vez em quando veremos atitudes benéficas em James.

NÚMEROS 62 – Sayid diz que tinha 23 anos quando os americanos invadiram o Iraque e que após isso, nos 6 anos seguintes, passou a... ele não completa a frase, mas imaginamos que ele iria dizer que passou seis anos torturando.

LEGENDA VS. DUBLAGEM 84 e PSICOLOGIA 91 Mais uma diferença de traduções que tem sentidos opostos. Quando Henry tentar convencer Sayid de que é mesmo Henry, este prisioneiro fala que era mineiro. A respeito dessa função na sociedade e para convencer na mentira, ele complementa: "Eu sei, é do tipo que não atrai a atenção nos coquetéis". Na legenda diz o inverso: "Todo mundo queria falar comigo nos coquetéis". Por que os tradutores insistem em modificar na dublagem em áudio? No áudio diz que ele era ignorado, mas a tradução correta demonstra o contrário, que ele era muito requisitado. Mudando de assunto, observem como a forma que você fala, a lábia que você utiliza, consegue ludibriar os outros. "Henry" começou a falar descontraidamente sobre coquetéis para demonstrar ao árabe que ele nem estava preocupado com o que poderia acontecer consigo, para convencer mais ainda em sua inocência. São exatamente conversas naturais sem demonstrar nenhum deslize que podem sim convencer alguém em uma mentira. Mas nem todo mundo tem essa capacidade de ludibriar tão perfeito assim alguém, não é? E mesmo que consiga, às vezes quando você convence bem demais pode surtir efeito contrário e acabar caindo na desconfiança. Duvida? Veja o comentário abaixo.

PSICOLOGIA 92:

LOCKE: Eu acho que ele é bem convincente.

SAYID JARRAH: E ele é. Sabe se o Jack tem a combinação do armário? Quanto tempo você demoraria a mudar?

Temos aqui as duas pessoas mais espertas da Ilha. Locke é bem vivo, mas foi seguido por alguém péssimo em trilhas no episódio anterior. Mesmo desconfiando, John fala que Henry é bem convincente, mas como se dissesse: "Será que devemos confiar nele? Está querendo convencer demais.". Quanto ao árabe, ele nunca errou em seus palpites a respeito de alguém (pelo menos não até agora). Observem a resposta de Sayid: "Ele é!", demonstrando mais convencido do que Locke que Henry seja um impostor, mas o “ator” (Michael Emerson) trabalha com a expressão facial tão bem que também parece que seu personagem dá uma indireta do tipo: "Vai acreditar nele também?", logo em seguida, Jarrah pede para trocar a combinação, não querendo perder tempo em questionar se ele era convincente ou não, mas sim, agindo logo para então conseguir arrancar confissão do prisioneiro. Daí, percebemos a capacidade que uma pessoa tem para enganar as outras (Henry). E como no comentário anterior, justamente pelo fato de Henry querer convencer demais os outros de que ele é quem diz ser, já levantou suspeitas mesmo ele sendo bastante convincente em sua alegação. Portanto, mesmo que alguém seja um perfeito ator, demonstra também que nem tudo é perfeito, pois nem todos caem em uma lábia, mesmo que ela demonstre 110% aparentemente verdadeira e natural.

SOCIOLOGIA 149 – MORRER POR RELIGIÃO. GUERRA POR RELIGIÃO. ISSO É NORMAL? Não se deve discutir sobre a cultura dos povos. O comentário a seguir nem como Cultura eu quis classificar, mas sim, como Sociologia, para evitar falar da cultura dos outros, mas analisem a cena abaixo entre Sayid e seu oficial superior, o comandante Tariq. Lembrando que Sayid estava trabalhando forçado contra seu povo para os americanos, e Tariq, era prisioneiro dos americanos:

TARIQ: É filho de um grande herói! Você é um soldado leal! Não desonre o nome de seu pai! Você não me ousaria me machucar! Vai obedecer minhas ordens! Está no meu comando! Mate-se agora! É uma ordem e morra com um pouco de honra que lhe resta!

SAYID: Você me obriga a tirar minha própria vida!

É certo se sacrificar por uma nação? Soldados irem à guerra é normal o sacrifício, mas e quando o mesmo é feito por religião? É normal? Aliás, guerra é normal? Se sacrificar em uma guerra é normal? Em se tratando de guerra entre nações, quem está certo? Tariq diz que não se deve desonrar o pai que também foi um soldado que, não explica o episódio, talvez tenha se sacrificado também. Ele usa o nome do pai para convencer Sayid, mas o fato de o pai ter feito algo não quer dizer que o filho deva fazer o mesmo. O filho não pode discordar estando o pai errado, mesmo o pai já morto?

Em seguida, Tariq ordena, mesmo estando em posição de prisioneiro, para que seu soldado o mate e em seguida se mate. A resposta de Sayid vista acima dispensa comentários, mas vemos que ele começou a perceber que estava seguindo um louco. É como Kelvin havia dito a ele sobre a lealdade cega. A certeza de fazer com que Sayid agisse torturando seu comandante veio a partir do momento em que Tariq cuspiu em seu rosto. Naquele momento Jarrah percebeu que seu comandante na verdade desprezava o ser humano. Onde está a honra em morrer por algo que você tem dúvidas? Correção, morrer por algo? Faz sentido?

Por fim, sua vida teve um fim e você nem festejou uma honra que julgava ter, pois está morto mesmo. Os outros continuam tocando sua vida normal e feliz (ou infeliz, mas pelo menos continua vivo), enquanto você...

Bom… inteligências à parte… encerro por aqui e… a vida continua… quer dizer… eh… hã… fim.

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