ISENTO DE ERROS 48, MISTÉRIO 59 e PSICOLOGIA 114 – A COMPLEXIDADE DA MENTE. UM PASSO PARA O SUICÍDIO – Um dos mistérios que mais comento na série é sobre a possibilidade de a Ilha "dar" coisas às pessoas quando essas tentam se livrar daquilo que lhes é oferecido. Qual seria o mistério desse lugar? Entendo que a comida era deixada lá para a pessoa que tomava conta da Escotilha (há poucos dias: Desmond), sendo também uma forma de a série mostrar que não havia loucura e erros em sua história, pois não teria lógica uma ilha deserta ter comida pronta, a não ser que alguém a jogasse de um avião. O mistério está exatamente na comida que chegara no momento em que Hugo se desfazia de sua dispensa secreta, livrando-se de seu pecado, a gula. Lembrem-se de que na dispensa ainda havia bastante comida. Se a dispensa da Escotilha estava cheia, será que a comida não chegou antes do tempo? Será que ela chegou exatamente para Hugo não se livrar de seu pecado? Esse caso é idêntico ao de Charlie, que quando se viu livre das drogas, descobre um bimotor que também caiu na ilha e continha várias imagens com drogas dentro. Agora vamos à Psicologia, juntamente com o Mistério, que inclusive traz o Isento de Erros junto. A começar pela conversa de Hugo e Desmond em outro momento:
HUGO: Eu tentei dar tudo, mas acabei guardando um pouco.
DESMOND: Você quer mudar? Então mude!
Primeiro vemos Hugo desabafando com Desmond e dizendo que tinha guardado comida consigo. Quando decide se desfazer da "nova dispensa" aparece mais. Então, ele escuta o primeiro conselho, o de Desmond. Em seguida, vem a conversa com Libby: "... a Ilha não te deixa emagrecer. Você destruiu toda a comida e pimba! Cai mais comida. Tenho orgulho de você por não ficar louco". Segundo conselho: Libby nem sabia que Hugo já esteve em um sanatório (será? Lembremos que ela já esteve no mesmo sanatório que ele e dias atrás ele disse que se lembrava dela de algum lugar, mas a jovem desconversou) e diz algo para lhe incentivar à sanidade, quando afirma ter orgulho de ele não enlouquecer por tais fatos acontecerem. Pela experiência de Libby, será que ela já não percebia os problemas de "Hurley" e já estava começando a lhe ajudar psicologicamente? Após essa conversa, Hugo trava um diálogo com Dave que na verdade era seu subconsciente. Observem como realmente era seu subconsciente não querendo encontrar lógica às coisas que estavam acontecendo na Ilha, o que poderia ter acontecido com qualquer um dos sobreviventes. Interessante é o paradoxo. O subconsciente louco querendo provar que essa história maluca é uma mentira, mas é exatamente ela que é a real e o que deveria ser normal é que é louco.
Antes disso, um retrospecto ao flashback antes de ele cair na Ilha, quando ainda estava no sanatório, para melhor entendimento da conversa:
HUGO: Eu não posso fazer isso! Você quer que eu fuja para o Brooks comprar x-burguer porque eu quero x-burguer!
DAVE: Se você não quiser vir comigo agora,“cê” nunca mais vai sair daqui!
Hugo fecha a janela e decide não ir com "Dave.
Hugo realmente pretendia parar de comer, mas seu vício e apetite falavam mais alto e por mais que quisesse parar, em seu íntimo o desejo de comer era incontrolável, portanto, não era loucura sua, mas ele estava querendo se convencer de que não iria mais comer, travando um conflito interno.
Agora vem o segundo diálogo
com Dave na Ilha, que seria o pensamento que passaria pela mente de qualquer
um, especialmente Hugo, ou seja, só quer encontrar lógica nos fatos sem dar
crédito aos estranhos e improváveis fatos ali. O discurso de Dave serve também
como uma autodefesa dos produtores da série para falar pelo público e mostrar a
este que a história não era tão absurda assim. Quem sabe até o personagem Hugo
tenha a importância na série exatamente para isso: representar a opinião dos
telespectadores. Vamos ao diálogo com explicações entre parênteses e em itálico
para diferenciar:
HUGO: Tudo isso! Olha só: você, eu, esta ilha, pasta de amendoim. (1ª
improbabilidade: Hurley e Dave em uma ilha quando ambos estiveram no mesmo sanatório.
Lembrando que Hugo não estava totalmente convencido que Dave era seu
subconsciente. 2ª improbabilidade: pasta de amendoim? Qual a probabilidade de
se encontrar isso em uma ilha?) Quando você fechou aquela janela você tipo…
enguiçou. (ou seja, seu cérebro deu um clique. Na legenda consta: "Você
voltou a ficar estado de coma". É diferente, mas tem o mesmo sentido da
dublagem em áudio. O próprio subconsciente de Hugo trabalha com a Psicologia,
querendo mostrar que a janela simbolizava a mente dele que se fechou para a
realidade. Realidade essa que não existia, mas que ele queria que fosse real.
Seu subconsciente queria continuar preso às coisas que ele queria se ver livre:
os vícios) Lá no Santa Rosa você viu os números em outro lugar? (3ª
improbabilidade: números de loteria e escotilha? Esses números poderiam muito
bem ter sido vistos no sanatório e ele transferiu isso para seu mundo irreal,
porém, como eu já disse, seu subconsciente é que queria tornar o irreal
verdadeiro) … então… na Escotilha (Devo dar uma pausa para comentar a
dublagem vocal nessa cena. Quem fez a voz brasileira de Dave associando ao
movimento labial do ator dá para perceber como estão em péssima sintonia.
Inclusive o ator falando não demonstra uma conversa ativa, e sim, passiva, enquanto
quem dubla a voz brasileira faz algo ativo, com ênfase, sem acompanhar o
movimento passivo dos lábios do ator)… e o código que vocês digitam a cada
108 minutos senão o mundo acaba… qual é o número mesmo? (4ª improbabilidade:
outra lógica que qualquer um no lugar de Hugo teria que explicar, o fato de os
números serem o mesmo da loteria e escotilha, além de, se não digitar, o mundo
acaba. Esse é o momento em que confundiria qualquer um. Quem acreditaria numa
história totalmente absurda, em que, se não digitar um código de computador a
cada 108 minutos o mundo se acabaria? Falando por experiência própria, quando
comecei a assistir ansiosamente a 2ª Temporada pela primeira vez, fiquei
decepcionado. A série se encaminhava perfeitamente até que a história absurda
da 2ª Temporada me deixou com desgosto. Entretanto, a trama foi tão bem escrita
que eu passei a aceitar toda a história maluca em pouco tempo. Quanto ao caso
do computador do fim do mundo, é a chave principal para a loucura plena, ou
seja, nossa mente só quer acreditar no que é provável, no científico, nunca no
improvável, no impossível… na fé). Dá uma olhada em você! Tá numa ilha
deserta há dois meses, não emagreceu nem 5 quilos. Como é que isso é possível? (5ª
improbabilidade: Mais outra prova científica clara de que nada ali acontece de
verdade. Quando chegou ao fim da 1ª Temporada, minha irmã que assistia comigo
disse a mesma coisa: "E esse homem não emagrece não, é?”. Para responder a
ela e a muitos: nesse episódio cai comida do céu. Como ele emagreceria? Essa
parte de Dave se tratava do que ele próprio queria se convencer e de ter
escutado essa mesma dúvida de outros sobreviventes, como Charlie, por exemplo.)
Uma loiraça maravilhosa que apareceu do outro lado da ilha do nada e
adivinha de quem ela ficou afim? De você, não foi? (6ª improbabilidade: essa
deixa a pessoa mais intrigada ainda. Uma linda loira fica interessada em um
homem super gordo. Não que eu seja preconceituoso, pois o próprio Hugo não
achava essa probabilidade capaz de acontecer. No mundo hoje, em que as jovens
se interessam mais pelo status (pra não dizer dinheiro) e a aparência física
(porte, estética, músculos, beleza), gordo não tem vez, comparado a um
"sarado", quanto mais quando o homem é super gordo (ou até mesmo super
magro). Elas não olham para a beleza interior, mas sim para a exterior).
Até eu, o eu real, aquele que fugiu pela janela… não eu, que na verdade é você!
(o subconsciente de Hugo vai ficando cada vez mais esperto, querendo mostrar
que Dave existe de verdade e que está esperando por Hugo, que está em estado
catatônico, esperando se libertar e acordar. O próprio subconsciente dele faz
com que o Dave que está falando isso é mesmo seu subconsciente e que o Dave
real está esperando por "Hurley"). É o que parece que eu tô no
seu subconsciente e todas as pessoas desta ilha estão (7ª improbabilidade. A
prova definitiva: as pessoas da Ilha são personalidades diferentes de Hugo que
querem agir. Seu subconsciente tenta o último recurso de aviso para convencer o
próprio Hugo de que tudo aquilo é surreal).
HUGO: Que parte de mim você é?
DAVE: A parte que quer acordar! Eu te vejo numa outra vida, Hurley!
Essa foi a última tentativa de seu subconsciente. Hugo estava ficando paranoico e pessoas que se encontram nesse estado procuram algumas vezes se matar. Quando Dave se atirou do penhasco, na verdade era Hugo que estava querendo fazer isso, dar cabo de sua própria vida de uma forma inculpável, sem intenção “real” de cometer, mas havia algo persistente nele que queria encontrar uma razão para tudo o que estava acontecendo, ou seja, são esses momentos nas nossas vidas de conflitos internos que tentamos fazer coisas drásticas conosco, mas que não conseguimos porque em nosso íntimo queremos acreditar que existe razão e lógica para tudo, que exista uma explicação lógica. Pessoas sem parentes, amigos ou até mesmo sem fé em algo, tem uma tendência maior de suicídio pelo fato de não ter quem lhe oriente. Lembrando que fé em algo não quer dizer que seja em qualquer coisa, pois em se tratando de algo espiritual, para quem crê em Deus vai saber que somente Ele pode fazer algo positivo por nossas vidas.
NÚMEROS 68 e PSICOLOGIA 115 – Desde que Hugo ganhou na loteria, os números lhe trouxeram azar. Isso começou a mexer com a mente dele. Nos flashbacks é revelado que "Hurley" estava em uma festa e quando todos dançavam na varanda o piso não suportou tanto peso e ruiu. Ele achava que tinha sido por causa de seu peso e passou a se sentir culpado pelas mortes, mas a varanda só suportava o peso de 8 pessoas. Lá havia 23. Conversando com Libby sobre isso, ela diz que ele esteve em estado catatônico, parou de tudo, menos de comer, porque é assim que ele se pune. Muitas pessoas têm esse tipo de atitude: fuga da realidade. Se sentem culpadas ou com remorso por algo e começam a fazer alguma coisa para prejudicar a própria vida ou saúde, como se fosse uma psicologia reversa, fazendo contrário do que era pra fazer, já que se sente culpado, como no caso de Hugo, deveria parar de comer. Mas convenhamos também, seu peso contribuiu para isso, mesmo ultrapassado o limite correto de pessoas para a varanda, sendo o triplo do valor limite.
CURIOSIDADE 321 – Só para relembrar os velhos jargões que costumeiramente LOST utiliza. Antes de se jogar do penhasco, Dave fala a velha frase de Desmond: "Te vejo em outra vida, Hurley!". Se levar em conta que seria realmente "outra vida" então faz sentido.
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