domingo, 22 de novembro de 2020

T3/E17 - CATCH 22 (Ardil 22) - Parte 3 de 4.

 LEGENDA VS. DUBLAGEM 160 – No momento em que Desmond e Penélope se conhecem há uma conversa em que rola um clima e que fora dito um convite embutido. Quem assiste em áudio jamais perceberá um convite embutido entre um dos dois. Quem fez o convite? Observe: quando Pen pede para que a ajude a levar a remessa de vinho no carro, Desmond diz que não costuma entrar em carro com estranhos. O convite na verdade está na legenda e é feito por Penelope. Confiram:

PEN: Se não tivesse sido despedido, não nos conheceríamos, aí… Como vai me ajudar a carregar estas caixas em Carlisle.

DESMOND: Eu disse que vou para Carlisle com você?

PEN: Ainda não. Claro, se o ex-monge já tiver planos, então…

DESMOND: Não costumo andar de carro com estranhos.

PEN: Ora, nesse caso sou Penelope. Penny.

A conversa em áudio praticamente fora mantida, mas omitiram uma simples palavra: “Ainda”, quando Desmond pergunta se ele iria a Carlisle com ela. É o mesmo que dizer: “ainda não, mas vai aceitar ir comigo”. Eu sei que com ou sem o “ainda”, fica sim embutido um convite, porém, ter o “ainda” deixa bem claro a intenção de Penelope, praticamente direta.

VOCÊ MORRERIA POR DEUS? BÍBLIA 11 – Desmond discute sobre o nome do vinho: Moriah.

DESMOND: Moriah é o nome da montanha onde Abraão foi chamado para matar Isaque. Não é exatamente um local muito festivo.

MONGE: Mas Deus poupou Isaque.

DESMOND: Bem! Pode-se argumentar que não precisava pedir que Abraão sacrificasse o filho.

MONGE: Então não seria um teste válido, não é mesmo? Talvez você subestime o valor do sacrifício.

            LOST e suas manias (boas, claro) de referenciar a Bíblia. Como já disse antes, apesar de estar somente no número 11, há muitas referências ao Livro Sagrado, mas é porque eu só destaco aquelas interessantes ou polêmicas. A citação do trecho de Abraão e Isaque também pode ser comentada aqui pelo mesmo caso de Jesus Cristo. Se Jesus podia sair daquela cruz e evitar morrer, por que não fez? Simples. Se tivesse feito isso a Salvação não nos teria chegado, pois não teria acontecido sacrifício e Ele não teria morrido por nossos pecados. Por isso que Desmond questionou algo que não tinha compreendido antes. Era preciso haver o pedido de sacrifício, mesmo que não houvesse o sacrifício, pois é muito fácil dizermos que somos capazes de fazer algo para Deus imaginando que provavelmente seria só um teste. Dizemos que fazemos, mas se fosse pra valer será que faríamos mesmo? Levo isso como algumas pessoas que chegam a dizer que 'se fossem' missionários (pois não têm coragem de serem) teriam coragem de morrer por Deus (bom, falar é fácil. 'Se fosse', mas não procura ser, logo, a probabilidade de dizer que pode fazer... pode não fazer). Queria ver se fosse em terras do Oriente Médio e estivesse sendo torturado em nome de Deus. Será que não negaria algo na tortura só para se ver livre da tortura e consequente morte? É fácil dar uma de Isaque, mas será que teria capacidade de ser um Isaque ou Jesus? Vou logo dizendo, se fosse eu, seria bem provável eu negar, pois na hora do sofrimento torturante e morte perdemos a razão (se é que se pode chamar isso de razão). Daí, suponho que quem for ler isso vai apontar todos os dedos das mãos e dos pés me acusando e jogando pedras em mim, me acusando de ‘não servo de Deus’, fraco, traidor, não cristão, infiel e daí por diante. Mas para mim o que vale é o decreto de Deus, não de um pecador como eu. Repito: é tão fácil falar, quero ver na hora H. Pedro demonstrava todo amor e negou Jesus 3 vezes. Judas o traiu. Somente esses dois erraram? NÃO!!! Todos abandonaram Jesus. Todos os seus seguidores o abandonaram no dia da crucificação. Eles foram condenados?  O que estou querendo dizer é que é fácil falar e acusar, quero ver na hora. E para finalizar o assunto, outra coisa que costumo sempre dizer: Você se conhece a si mesmo??? Nunca se pegou fazendo algo que jamais imaginaria ter feito??? Pois é. Da mesma forma que uma pessoa diz que morreria por Deus e na hora foge, posso dizer o mesmo de quem é sincero em dizer a verdade: que fugiria. Mas o detalhe é… será que até aquela pessoa que diz que fugiria, na hora H realmente fugiria??? ISso vale para o outro lado também. Será que eu fugiria e negaria mesmo? É fácil falar, mas nunca sabemos nossas reações na hora em que o ocorrido vem de verdade. Sabe qual minha resposta definitiva nisso? NÃO quero JAMAIS, NUNCA que esse tira-teima surja na minha vida. Prefiro JAMAIS saber sobre isso. Sendo assim, Deus, eu SUPLICO: NÃO QUERO SABER.

PSICOLOGIA 198 – ADAPTAÇÃO. Interessante como as pessoas acabam se acostumando com certos detalhes em suas vidas. Vejam a cena abaixo que é a mesma do item anterior:

KATE: É estranho, não é? Estar de volta. Não procurar uma saída de uma jaula. Não encontrar uma razão para sair correndo pela floresta de novo. Eu não sei mais o que fazer da vida.

JACK: Então aproveita! Tenho certeza que logo, alguma coisa vai dar errado.

KATE: É! Minha grande aventura desta noite vai ser lavar os pratos no oceano.

JACK: Toma cuidado.

Com os quase três meses de estada na Ilha, os sobreviventes já estavam se adaptando aos fatos estranhos, especialmente às ações e suspenses. O fato de fazer algo tão simples e que deveria ser uma maravilha para quem se encontra náufrago em uma ilha: lavar louça; acaba soando como tedioso (aliás, será que lavar louça em qualquer momento não soaria como tedioso? Se não leu o comentário anterior de Psicologia, releia). Eles estavam tão acostumados com as imprevisibilidades ali que o fato de nada fazerem já incomodava. E o bom é que até Jack responde que Kate aproveite, pois algo poderá acontecer a qualquer momento. Tudo bem que tal fala se referia a um prenúncio da própria série e que era bem óbvio: que com certeza algo iria acontecer para prender a atenção do público, mas que de qualquer jeito, se analisarmos bem, haviam estranhos moradores naquela ilha com hábitos mais estranhos ainda e assustadores, logo, não seria difícil imaginar que algo de ruim fosse acontecer.

O comentário nesta cena foi exatamente para mostrar como nossa mente se adapta com situações, como por exemplo e citado no item anterior do Psicologia 197, o fato do ser humano se acostumar com o corre-corre do cotidiano. A vida anda tão agitada que você fica estressado e nem percebe que está assim, pois para você, as coisas foram acontecendo progressivamente e lentamente que você foi afetado e nem percebeu. Isso lembra o caso da rã que foi posta em um caldeirão e que foi fervendo aos poucos. Se a rã fosse posta na água quente ela pularia automaticamente, mas se fosse posta na água fria e esquentando depois, ela não perceberia e morreria cozida devido à adaptação à água naquele momento. Mas é só um exemplo. Não acredito nessa experiência da rã. Tenho certeza que ela perceberia a mudança de temperatura da água e pularia dali. Usei o exemplo só para mostrar como uma adaptação pode pegar uma pessoa desprevenida e ir mudando-a com o tempo e sem perceber.

CURIOSIDADE 631 – A respeito das visões de Desmond, dois fatos ocorreram que chama bastante a atenção aqui. Eu questionei logo no primeiro comentário deste episódio, o LINHA DO TEMPO 4, ao citar da preocupação dele em querer seguir à risca os passos para se chegar ao que previu, a respeito do fato de: se ele viu o que iria acontecer, por que não deixou as coisas acontecerem? Por que a preocupação de que tudo aconteça se ele previu o futuro??? Mas aí, veio um detalhe que passou despercebido. O escocês estava tão preocupado que tudo acontecesse como previu que não pensou no óbvio, ou seja, que ia acontecer. Ele tinha tanto medo que não acontecesse e que não encontrasse sua amada Penelope, que ficou cego pela lógica de que era futuro, portanto, iria acontecer. O detalhe que me passou despercebido não foi exatamente esse, mas como Desmond estava muito engajado em querer que tudo acontecesse, acabou cego a respeito de tudo ao seu redor. Nisso, houve duas cenas interessantes que ocorreram iguais as suas visões e que aconteceram aleatoriamente, por mais que o escocês se esforçasse para que acontecesse. Sendo assim, vemos que não adianta você querer desenhar o curso de sua vida, ela acontecesse naturalmente. As duas cenas foram: 1) ao ver que caiu alguém no meio da Ilha pelo suposto helicóptero, Desmond pediu para que fossem naquela hora em que viram, que era noite. Foi Charlie quem insistiu que fossem pela manhã. Por mais que o escocês falasse tanto em não mudar a figura para que tudo acontecesse segundo suas visões, ele quis sim mudar. Pediu para irem pela noite para evitar a provável morte de Charlie, mas foi exatamente Charlie quem decidiu a hora certa da visão: manhã. 2) A conversa de quem é o super-herói mais rápido que foi segundos antes da morte de Charlie começou a ser puxada exatamente por Desmond e depois que ele viu que foi ele quem puxou a conversa, se tocou nisso, ou seja, por mais que tentasse fazer as coisas acontecerem, elas ocorriam naturalmente.

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