sábado, 13 de fevereiro de 2021

T6/E15 – ACROSS THE SEA (Além-Mar) – Parte 1 de 2.

QUANDO CRIANÇA DESCOBRE O MUNDO SEM QUE NINGUÉM ENSINE.

            Todos os comentários abaixo devem ser levados em conta pelo exemplo do episódio, ou seja, quando duas crianças são criadas desde que nasceram por uma pessoa em uma ilha deserta, cuja pessoa tenta ensinar somente o que seja “puro”. Lembrando que tanto a “mãe” como os “filhos” estão em aspas porque na verdade nem mãe adotiva é, pois ela matou a mãe verdadeira para manipular os meninos para… explicações no comentário de MISTÉRIO abaixo de todos esses Psicologia referente à criança. Estava antes desses textos, porém, desloquei para o fim destes para poder dividir os textos em duas partes iguais no Blog.

PSICOLOGIA 282 e FILOSOFIA 63 QUANDO CRIANÇA APRENDE A RACIOCINAR – Parte 1 – Este episódio será campeão no quesito Psicologia (e Filosofia pela arte de pensar), e apesar de todos os comentários abaixo se basearem no mesmo assunto, decidi separá-los para mostrar a evolução do raciocínio humano.

            Jacob e seu “irmão gêmeo sem nome” nasceram e foram criados na Ilha. A “mãe adotiva” também sem nome tentou criá-los da forma mais pura possível e fez com que os meninos acreditassem que só existia a Ilha. Além das águas do mar, nada mais existia, segundo ela ensinou aos garotos. Entretanto, o ser humano tem a arte de raciocinar e por mais que se ensine algo a ele, mesmo ainda novo, nada o impede de pensar e isso é motivo suficiente para lhe fazer questionar coisas e descobrir por si só que nem tudo é o que parece ou dizem, e mais ainda, que ele próprio pode mudar uma “assertiva” em determinada fase do tempo e da História, que até aquela data era uma verdade, após novas descobertas, a verdade se torna outra, tudo porque, como dizia certa vez Tom da vila dos Outros: o ser humano foi abençoado pela curiosidade. Depois de toda essa explicação, vemos aqui o “menino de preto” sentado na praia e olhando além do horizonte. Só o fato de estar olhando para o mar o faz pensar o que teria no outro lado. Observem que mesmo que uma pessoa tenha nascida em uma ilha e tenha somente ele, a mãe e um irmão e que mesmo que ela diga que não há nada além-mar, o ser humano tende a raciocinar e pensar nesses detalhes. Mesmo sendo um pré-adolescente, mas já vemos que mesmo este é capaz de analisar certos detalhes. Aliás, adolescentes são os que mais questionam as coisas e querem descobrir. O raciocínio foi o seguinte: se eu existo, vim de outra pessoa juntamente com um irmão gêmeo, mesmo que se diga que só há os três e a ilha, ainda assim, o ser humano irá pensar que, se ele e um irmão vieram de uma pessoa, logo, de onde veio a outra que o gerou? E quanto mais neste caso, quando essa mãe falsa diz que ela também veio de outra mãe, o que leva ao pensamento de origem de origem. E quanto à ilha, se existem terra e água, isso poderia também fazer pensar que pudesse existir terra além da água, não somente aquele pedaço de terra com limites. Queira ou não, o ser humano sempre questionará coisas que o deixam pensativo. O comentário a seguir tem ligação direta com esse. Importante ler.

PSICOLOGIA 283 e FILOSOFIA 64 QUANDO CRIANÇA APRENDE A CRIAR SUAS PRÓPRIAS REGRAS – Esse comentário tem ligação direta com o anterior. Recomendo ler o anterior primeiro. Depois que o “Menino de Preto” encontra um jogo na areia, aquilo o faz pensar que foi a onda que trouxe. Se a onda trouxe, logo, veio de um algum lugar que não seja da água, obviamente. Se é um jogo, então, alguém fabricou, e assim, temos mais uma linha de raciocínios que faz o ser humano perceber que não está só no mundo e que possivelmente aquela ilha é só um pedaço de mais coisas existentes. Mesmo que a “mãe sem nome” diga que foi ela quem deixou o jogo para ele, ainda assim, a dúvida fora lançada. Mas como uma pessoa é capaz de seguir à regra do outro só porque o outro criou? Respostas sobre isso mais abaixo.

ADMINISTRAÇÃO 167 e SOCIOLOGIA 264 QUANDO CRIANÇA APRENDE A CRIAR SUAS PRÓPRIAS REGRAS. Parte 2 – Vou dar uma pausa na sequência de comentários do Psicologia e Filosofia para entrar em outro assunto: o jogo achado pelo “Menino de Preto”. Observem que assim que ele viu aquilo, já percebeu que seria um jogo e mesmo sem saber como funciona, criou suas próprias regras pela necessidade de criar algo para se sociabilizar, para se entretiver.

PSICOLOGIA 284 e FILOSOFIA 65 QUANDO CRIANÇA APRENDE MENTIRA E CHANTAGEM – Mesmo que se tente criar um filho o mais puro possível, é da natureza do ser humano descobrir sentimentos que não foram ensinados. A “mãe adotiva” revela ao “Menino de Preto” que Jacob não é como ele, ou seja, não sabe mentir. Isso acaba revelando que o ser humano aprende a mentira no momento em que faz uma coisa errada pela primeira vez na vida e teme a repreensão. Esse caso é o mesmo quando o bebê descobre que chorar é um mecanismo de pedir leite materno, o que mais tarde descobre que fazer birra é um mecanismo de chantagear os pais para fazerem aquilo que ele quer (e que infelizmente é um fato muito presente na vida de muitos pais). O comentário abaixo tem ligação direta com este.

PSICOLOGIA 285 e FILOSOFIA 66 QUANDO CRIANÇA APRENDE CIÚME, INVEJA, INJUSTIÇA e PREPOTÊNCIA. Parte 1 – No momento em que a “mãe” revela que o “Menino de Preto” não é como o irmão e não mente, faz com que este “filho” perceba que há uma diferença entre os irmãos, e que talvez a mãe tenha preferência por um deles. Quando percebe essa preferência da mãe, nasce o sentimento negativo chamado ciúme, que inevitavelmente pode trazer consigo a inveja. Outro sentimento que não é negativo e o inverso dos dois, mas que também pode ser negativo e pode aflorar por consequência dos outros dois: a injustiça. Por conta disso, quando a criança percebe que a mãe ou o pai tem uma predileção entre os filhos, isso estraga a infância, e a criança, terá seu caráter moldado negativamente. Mesmo a outra criança tratada como favorita também terá seu caráter moldado negativamente, fazendo com que este passe a menosprezar ou esnobar o irmão, aprendendo a manipular e desprezar o ser humano por prepotência, se achando o centro de tudo e desprezando os outros seres humanos. Isso infelizmente acontece em muitos lares e já comentei aqui em outro artigo, quando um pai ou mãe compra um presente para um filho e não compra para o outro. Isso causa rivalidade. Nunca se deve tratar bem um filho mais que o outro, pois estraga a infância de ambos. Também não é bom prometer dar presentes para ele se o mesmo passar de ano no colégio, pois ele terá isso como barganha, e entenderá que também pode barganhar a seu favor em outros momentos, além de que, ele nunca terá os estudos como algo importante, mas sim, como barganha.

PSICOLOGIA 286 e FILOSOFIA 67 QUANDO CRIANÇA APRENDE A ANALISAR OS FATOS AO SEU REDOR – Só o fato de existir já traz o questionamento ao ser humano. Jacob e seu irmão foram criados com uma certeza falsa de que só existiam eles, a “mãe” e a Ilha. Na verdade, ele também sabia que sua “mãe” teve uma mãe também. Mesmo assim, não impediu o “Menino de Preto” de pensar na questão da existência. Ele sabe que veio da “mãe”, mas de onde veio a mãe se só existem os três? Mesmo sabendo por ela que sua mãe também teve uma mãe. Foi isso que aconteceu a ele quando perguntou: “De onde viemos?”. E no momento em que ele pluraliza o pronome, ele não quer saber somente de onde veio a mãe, mas também, de onde veio a raça humana. Levando em conta que ele não conhece o termo “raça humana” porque provavelmente aquela mulher não ensinaria isso, caso contrário, ele iria imaginar que pudessem existir outros seres. Mesmo com todo esse cuidado da mulher, o fato de saber que sua mãe veio de outra mãe faz existir um possível infinito, portanto, ela não podia controlar uma coisa lógica no ser humano: a habilidade de pensar, analisar, raciocinar.

PSICOLOGIA 287 e FILOSOFIA 68 QUANDO CRIANÇA APRENDE O MEDO E SOBRE A MORTE – Quando a falsa mãe fala sobre morte a Jacob e ele pergunta o que é “morta”, ela tem que explicar, sendo assim, ao entender, o menino aprende pela primeira vez a ter medo, e nem toda criança está preparada para esse tipo de explicação. Esse fato aconteceu com meu sobrinho de 4 anos, poucos dias atrás de eu digitar esse artigo (12/09/2015). A mãe dele estava falando sobre madrinha e ele perguntou o que era isso. Ela explicou que a madrinha substitui a mãe quando esta morre (o que convenhamos, não foi uma explicação nada exemplar, até porque, madrinha pode substituir a mãe viva, mesmo estando esta viva). Mesmo sem saber o que é morte, ele suspeitava o que significava e guardou a informação para si. Quando anoiteceu e chegou a hora de dormir, ele não conseguia adormecer. Virava para um lado e outro da cama, inquieto, e nada de dormir. Quando a mãe perguntou o que ele tinha, ele revelou o medo de perder a mãe. Enfim, basta o ser humano, por mais novo que seja, aprender algo sobre perda, aquilo vai aflorar um dos sentimentos mais angustiantes: o medo, e isso, se aprende sozinho, nunca por ensinamento.

PSICOLOGIA 288 e FILOSOFIA 69 QUANDO CRIANÇA APRENDE A COMPARAR – Quando Jacob e o irmão descobrem outros homens na Ilha, eles vão correndo avisar à mãe e dizem que viram pessoas parecidas com eles, ou seja, além de verem pessoas do mesmo “molde”, perceberam que eles tinham aspecto masculino, logo, havia outros homens. Em seguida, eles perguntam de onde vieram tais pessoas, o que já leva a deduzir que existam mais pessoas na ilha, ou quem sabe até além dela. Com isso, fortalece nos dois adolescentes a ideia que haja mais terras além da ilha e que principalmente, as crianças aprendem a comparar o corpo e tamanho deles comparado aos homens, o que provavelmente deve ter passado pela cabeça deles que irão se tornar como os homens no futuro. A prova que os meninos podem ter deduzido isso está no comentário abaixo…

PSICOLOGIA 289 e FILOSOFIA 70 QUANDO CRIANÇA APRENDE A MALDADE – A “mãe adotiva” tentou criar Jacob e seu irmão da forma mais pura possível, mas os planos saíram errado desde o início quando nasceram gêmeos, pois o fato de ambos terem visto seres humanos, os fariam pensar nas comparações que citei no comentário acima, e isso os fariam também levar a mais indagações para a mãe. Com medo de que eles entrassem em contato com aqueles homens (que devemos nos lembrar que tais homens são os mesmo que estavam no navio que naufragou e que Cláudia, a mãe verdadeira dos meninos, também estava), a mãe falsa pede para que eles sempre se escondam desses homens. Obviamente aquilo afloraria nos meninos a curiosidade de saber o porquê de se esconderem desses homens, então, ela responde para assustá-los, dizendo que eles são maus e os machucariam. Isso vale para aquele mesmo caso de pais que inventam coisas para assustar os filhos só para que eles não façam algo que não devem, e que, os pais nem fazem ideia, estão fazendo uma espécie de marketing do terror que irá afetar negativamente a mente das crianças. Mas esse assunto de assustar as crianças não é o foco da cena deste episódio.

            Citei isso só como exemplo, mas o assunto aqui é sobre a maldade que as crianças podem aprender, mesmo que tenham sido criados como um tipo de Adão em uma terra isolada da civilização. Vejam como crianças (ou pré-adolescentes, neste caso, por terem sido criados com total ingenuidade) são espertas e descobrem coisas sozinhas, mesmo que os adultos escondam determinados assuntos delas, e como um adulto, mesmo que evitar tratar de temas não condizentes para os filhos, mas seja lá qual for a estratégia usada, o próprio adulto pode se perder em palavras sem saber.

            A falsa mãe, para convencer Jacob e seu irmão a não se aproximarem dos homens, diz que eles são maus e machucam. Jacob pergunta por que fariam isso e ela responde porque eles são pessoas, concluindo que é isso que as pessoas fazem. Então, seguindo pelo comentário anterior (Psicologia 288), os meninos já faziam comparações com aqueles homens e percebiam a igualdade, logo, eles deduziriam que essa igualdade seria em tudo. A mãe tentou assustá-los dizendo que os homens machucariam. Ao pensar nessa possibilidade e se comparar aos homens por ver a igualdade entre eles, o irmão de Jacob pergunta algo que ele deduziu rapidamente devido as informações recebidas: se pessoas fazem isso e ele e seu irmão também são pessoas, logo, eles também podem machucar. Ao perceber que informações demais passadas para os assustar teve efeito contrário, a “mãe” se tocou no erro que cometera e instantaneamente tentou consertar, pedindo para que eles nunca se machuquem um ao outro. Mas já era tarde, pois as informações de poderem se machucar, coisa que a mãe passou 13 anos com eles, ensinando a paz, foi por água abaixo só em eles saberem que podiam sim se machucar, pois eles eram pessoas e podiam fazer isso.

            Já era tarde mesmo, pois pouco depois eles têm a primeira discussão e brigam sério. Por mais que os pais tentem conter sentimentos negativos nos filhos, todos eles, tudo o que já mostrei aqui, se aprende com o tempo, pois está no, digamos, sangue de Adão, a maldade interna. Aos poucos, cada sentimento negativo vai surgindo com o tempo, mesmo que se crie um filho longe da civilização e ensinando somente paz, como foi muito bem explanado no caso destes irmãos na série.

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