SOCIOLOGIA 189 – RAZÃO Vs. IGNORÂNCIA – Essa seria a melhor forma de intitular o comentário a seguir. Aí você deve pensar que estou mostrando lados opostos. Não! Literalmente não. São lados opostos sim, mas de uma mesma moeda, ou seja, essa ignorância também é uma razão. Para entenderem o que estou falando vou descrever a cena de onde me baseei para este comentário e mostrando a razão dos dois lados, mesmo quando uma delas está na ignorância.
Sayid tinha combinado com Jack que acenderia a fogueira para que o médico percebesse que ele estava por perto. Jin exige voltarem, mas Sayid disse que não abandonaria Jack e os outros que estavam com ele. Com a experiência do árabe, ele já sabia que o médico e os outros tinham sido capturados e a fogueira era para atrair os “Outros” e atacá-los, para salvar seus amigos. Vamos analisar os dois lados: a turma de Jack e a de Benjamin Linus.
À medida que se vai assistindo as temporadas, vamos percebendo que realmente o que a turma de Ben pretendia não era maléfica, mas salvar a Ilha. Como ele costumava dizer “eles não eram os vilões”. Apesar de sabermos que nossos heróis ali se tratam dos sobreviventes da Oceanic 815, na verdade, a RAZÃO não era do lado de Jack, mas dos “Outros”. A ignorância estava com nossos protagonistas, mas isso quer dizer que eles estavam errados? Vamos ver agora o lado dos sobreviventes da Oceanic.
A turma de Jack nada sabia sobre as verdades na Ilha. Imagine você cair em uma ilha misteriosa e ser atacado por misteriosos moradores dali, e numa ilha que ninguém acha. Dentre esses moradores, raptam mulher grávida e um menino; atacam os sobreviventes; enviam um espião; obrigam um dos próprios sobreviventes a matar duas do próprio grupo (até aquele momento eles não sabiam que o assassinato não foi exigência dos Outros, mas atitude impensada do próprio Michael); dentre outras coisas. Como você reagiria?
Pois é, foi assim que Sayid reagiu. O grupo dos sobreviventes já se considerava uma família e qualquer coisa que acontecesse a um deles em um lugar com gente estranha e “perigosa”, seria como se atingisse a todos, além do mais, imagina-se que se acontecesse com um, poderia acontecer com todos.
Estão vendo que neste caso a ignorância também tinha razão? Como se pode cobrar algo de alguém ou de um grupo se eles não sabem de nada do que se passa por ali e principalmente quando tudo por ali é estranhamente assustador? O que o grupo de Jack entendia era se proteger, pois não sabia a intenção dos moradores da Ilha. É como um animal que será domesticado. Seus primeiros dias serão de rejeição ao novo “dono”, só o aceitando com o tempo, ao perceber que se pode confiar nele. A turma de Jack não agia por ignorância, mas por instinto de sobrevivência e principalmente pela razão de rejeitar o desconhecido.
SOCIOLOGIA 190 e ADMINISTRAÇÃO 117 – Juliet vai levar sopa para Jack. Ao sair, Benjamin relata que ela nunca tinha feito sopa pra ele. Há vários pontos a se destacar nesta simples fala, que muito acontece na sociedade.
Temos primeiramente o ciúme. No primeiro episódio não fica nada claro, mas chegamos a pensar que possa ter alguma coisa entre Juliet e Ben. Neste episódio vemos duas coisas: ele reclamar da sopa e quando Colleen entra ali, pede desculpas, caso tenha atrapalhado algo entre os dois. Sobre estas cenas e mais um pouco entre Juliet e Ben, comentarei somente na 4ª Temporada, mas o que vale primeiramente aqui é destacar o ciúme, de Linus, que fica claro nesta cena. Só foram dois episódios, mas já dá para perceber que esses dois não tenham nenhum caso, ainda assim, é importante relatar esse ciúme, que pode ser nocivo mesmo quando não existe relacionamento entre duas pessoas. Foi exatamente por causa dos ciúmes, que mais à frente veremos o que Ben fará com ela, voltando àquele assunto que já expus há poucos comentários: a obsessão.
Em segundo temos outro perigo que se faz em sociedade: confiança vs. traição. Qual foi uma das primeiras frases que Benjamin citou nesta temporada? Que Ethan e Goodwin se passassem por um dos sobreviventes de cada parte do avião que caiu, pedindo que observasse tudo, mas que não se envolvesse. O perigo de se dar uma missão dessas é que a probabilidade de não envolvimento é quase impossível. Ele pediu para que Juliet tentasse fazer com que Jack confiasse nela, até porque, Jack é muito vivo e a única forma de “desdobrar” o médico seria com uma mulher que parecia com sua ex-esposa. Mas com certeza Ben contava com imprevistos, só não esperava que realmente fosse acontecer: a traição. Da mesma forma que Jack confiaria nela, ela também poderia cair nas graças do médico. Não existem grupos fechados, pois um componente daquele suposto grupo fechado pode se simpatizar com outro grupo. O risco de se pôr um “espião”, digamos assim, pode surtir efeito contrário também. Nunca sabemos a reação de nenhum ser humano, incluindo a nós mesmos nisso.
Temos um terceiro caso: a estratégia errada. Nos episódios à frente veremos que Juliet não era tão “do grupo de Ben” como se imaginava e com certeza ele saberia disso, pois manipulava todo mundo ali, mas a cegueira de se gostar daquela mulher não o fazia pensar direito, querendo porque querendo a qualquer custo suas vontades. Pois é, ele enviou exatamente a única pessoa do grupo que poderia traí-lo, pois de certa forma, ela não era do grupo. Uma estratégia errada, na verdade a única estratégia errada que Linus tomou em toda a série, mas a suficiente para trazer as consequências negativas do fim desta 3ª temporada. Por mais estrategista que você seja, sempre haverá algo que você não contará: a imprevisibilidade.
CULTURA 20 – Sun pede desculpas por ter discordado do marido na frente de Sayid. Ele responde: “Não devia ter discordado de mim e ponto final”. Tudo bem que aqui pode estar se tratando de cultura sul-coreana, mesmo assim, seria assim que deveria funcionar um casamento? Esposa tem que concordar com marido e vice-versa só porque são casados? Estando um deles errado não importa, mas um tem de concordar com o outro? Mas aí é onde está: qual o conceito de quem está certo ou errado se são dois pontos de vistas? É justamente aí onde nascem as brigas conjugais. Eu vi na atitude de Jin como um homem das cavernas levando sua mulher pelos cabelos.
CURIOSIDADE 397 e ADMINISTRAÇÃO 118 – POSSO PENSAR? A cena a seguir me deixou indeciso em que categoria classificar, se Sociologia, Administração ou Psicologia, daí percebi algo: nenhum dos três, pois se trata mais de um fato curioso, repito, um fato curioso, o que não quer dizer que seja uma Curiosidade da série. Mas no fim da conversa dos personagens, de certa forma ficou algo que pode ser classificado como Administração. Confiram a cena. Colleen fala a Benjamin sobre Sayid, Sun e Jin, com o barco, estarem rondando por ali, correndo o risco de descobrir a outra ilha. Ele nada responde a Colleen. Ela chama Ben, pensando que ele não prestava a atenção:
COLLEN: Ben!
BEN: Tô pensando!
BEN: …
Depois que ele toma sua decisão, complementa:
BEN: Não perca tempo falando comigo!
Isso já aconteceu muito comigo. Alguém faz uma pergunta cuja resposta necessita que você pense, pois lhe dá opções, daí, você (eu, no caso) não esboça nenhuma reação porque está pensando, da mesma forma como aconteceu com Ben nesta cena. Pode prestar atenção que é exatamente da mesma forma que ele encena. Pelo fato de você nada esboçar reação e ficar olhando para o horizonte, ou o, digamos, objeto em questão para se escolher, a pessoa te chama a atenção porque acha que você está voando e não ouviu o que ela, a pessoa, falou. Vou citar um exemplo: você compra um produto e a pessoa pergunta como você quer a escolha do pagamento. Então você fica pensando como quer, daí, a pessoa abaixa a cabeça para olhar nos seus olhos e diz: “Ei! Tô falando! Alô-ô!”. Como dizem nas expressões de hoje, “véi, na boa”, dá vontade de gritar: “Posso pensar? Será que eu preciso ter que responder ‘vou pensar’ para você perceber que estou pensando?”. E o bom é que as pessoas que chamam a atenção dessa forma fazem aquele pensamento de “Cara! Deixa de ser aéreo (quase esboçando: Ei, lezo!)! Tô falando com você”. As pessoas estão tão acostumadas com as perguntas absurdas; tolerância zero, que também esperam uma resposta absurda; tolerância zero. Já comentei por aqui duas vezes sobre aquelas perguntas absurdas como: “Posso te fazer uma pergunta?”, como se a pessoa fosse responder ‘não’. É o mesmo caso aqui para as respostas. É preciso dizer para essas pessoas que você vai pensar na resposta e que aguarde uns 4 segundos, senão, a pessoa não vai saber que você está pensando? 4 segundos é muita coisa para a pessoa não adivinhar que você está pensando? Tem que explicar O ÓBVIO ao pé da letra?
Mudando de assunto, observem como uma pessoa muito boa de estratégias, de pensar, de manipular, inteligente, consegue encontrar saídas tão rápidas. Parece que joga xadrez cujas peças são pessoas. Em rápidos segundos ele já pensa em o que fazer e dá a resposta a Colleen. Depois que toma sua decisão, ele entra no campo da Administração. A resposta foi excelente: “Não perca tempo falando comigo”. Vendo tal resposta, na mesma hora me lembrei do programa O Aprendiz. O apresentador sempre brigava quando um grupo perdia muito tempo na sala de reunião para montar uma estratégia, em vez de ir logo a campo e começar a agir. Geralmente os grupos que pensavam demais sem agir perdiam. Foi essa a resposta de Ben. Já tomei minha decisão agora saia e faça o que mandei, não perca mais tempo querendo saber mais detalhes comigo. Te vira! Ou seja, cada segundo é importante para se fazer algo. Não devemos perder tempo só calculando, pois se você ficar só na teoria e não partir para a prática, não terá resultado nenhum.
ISENTO DE ERROS 59 – Ben demonstra que não sabia do barco de Desmond. Fica a pergunta: essas pessoas moraram anos na Ilha e não sabiam do barco??? Logo eles que conheciam toda a Ilha? Como assim? Mas será mesmo que conheciam??? Sabemos que a Ilha é enorme. Mas devemos nos lembrar que Kelvin Inman escondeu o barco de Desmond e ficou consertando durante três anos. Desmond manteve o barco escondido. Ao assistir o flashback que mostra quando Desmond matou sem querer Kelvin, dá para perceber que o lugar era rodeado por rochedos, o qual só poderia ser avistado na água, e mesmo assim, o espaço para entrar no ponto onde se encontrava o barco era pequeno. Outro fator a se lembrar é que Benjamin fora capturado numa dar armadilhas de Rousseau. Se ele sabia ou não da armadilha e se deixou ser capturado, não importa, o que importa é que Danielle também sabia se virar na Ilha e virou experiente em armadilhas, portanto, os “moradores” da Ilha não eram 100% experientes ali. Alex também tinha seus esconderijos e ninguém tinha conhecimento, como será visto em breve. E por fim, todos aqueles moradores da Ilha evoluíam ali mesmo e não tinham intenção de sair dali, a não ser quando era preciso, sendo assim, se eles se ocupavam com os afazeres da Ilha, não era nada difícil eles não terem conhecimento do barco de Desmond. Só mais outro lembrete: Kelvin era da Dharma, mas vemos nos episódios em que ele aparece, que escondeu o barco exatamente para se mandar dali, portanto, com certeza ele não falou nada a ninguém, pois ele falava da Dharma com muita raiva e pretendia mesmo fugir no barco de Desmond. Sendo assim, ele escondeu o barco em um local que ninguém da Dharma achasse nem seus barcos passassem por ali. Essa é a prova definitiva que salva a série de uma possível gafe a respeito do barco Elizabeth nunca ter sido descoberto.
LEGENDA VS. DUBLAGEM 107 – Jin revela a Sun que entendeu tudo o que Sayid planejava. A diferença entre as frases não é tão significativa assim. O sentido é o mesmo, mas também pode causar interpretação um pouco diferente. Eu poderia até ignorar esta cena, mas resolvi deixar só para mostrar o como uma interpretação no Português pode trazer outros sentidos ao que se desejava falar. No áudio Sun diz a Sayid se referindo a Jin: “Ele disse que entendeu o que conversamos bem mais do que eu imagino”. Fica claro aqui que ela está se referindo ao fato de Jin estar entendendo o inglês, mesmo assim, o que se destaca na frase é ele ter entendido a conversa entre sua esposa e o árabe. Na legenda consta: “Ele disse que entende inglês melhor do que eu penso”, ou seja, Jin já entendia inglês muito bem depois desses dois meses na ilha com americanos. Ele não entendeu somente aquela conversa, mas muitas outras conversas ele já captava.
PSICOLOGIA 146 – Assim como ocorreu no episódio anterior quando Benjamin usou certos detalhes para começar a desdobrar Kate, agora será a vez de James. Vejam como uma pessoa observadora consegue manipular outras usando as ferramentas certas pelas quais prestou atenção enquanto estuda tais pessoas. Ben fez com que Kate usasse vestido para que James sentisse cada vez mais atração por ela. Para aumentar esse tesão, os dois foram monitorados o tempo todo para que não conversassem nem se tocassem, porque assim, os desejos de “Sawyer” se intensificassem. Por isso Linus exigiu exatamente essas três pessoas na lista que entregou a Michael, pois era um triângulo amoroso cujas três pessoas seriam difíceis manipular: um médico líder muito inteligente e vivo; uma fugitiva muito inteligente e viva; um golpista, mais do que nunca, inteligente e vivo. Benjamin não conseguiria manipular o trio se não usasse as ferramentas certas. É como disse, a observação nas pessoas é suficiente para que você saiba como reagir perante elas.
PSICOLOGIA 147 e ADMINISTRAÇÃO 119 – Interligado com o comentário anterior. Sayid diz a Sun que seu plano em capturar dois dos “Outros” é para que um deles coopere e posso entregar o outro. Deixando claro que não estou de acordo com a cena, mas sim, observando a estratégia. O plano do árabe não deu certo, mas curiosamente Ben fez isso com Kate e James. O casal tinha peito suficiente para não obedecer às ordens dos “Outros”, mas em se tratando de ameaça para o companheiro, eles não iriam resistir. Mesmo sendo mulher, os “Outros” sabiam que Kate não obedeceria a ninguém se não fizessem algo contra James. Dito e feito, bastou dar choques no loirão para ela obedecer. Como dito no comentário anterior, quando se estuda bem as pessoas, especialmente determinadas pessoas, dá para usar a psicologia para se obter algo. O fator Administração está em exatamente isso: usar duas pessoas e fazer suas “jogadas”, pois é certo que algum pode entregar o outro. Não me refiro a esse caso: tortura. Poderia chamar isso do velho “plantar verde para colher maduro”. Tudo se pode conseguir, basta saber como usar as palavras… não tenha dúvida.
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